| Resumo |
A lichia (Litchi chinensis Sonn.) é uma fruta exótica da família Sapindaceae, popular em todo mundo. As frutas possuem alto valor agregado e são ricas em nutrientes e compostos bioativos benéficos para a saúde. No entanto, essa espécie possui vida de prateleira bastante limitada e são muito susceptíveis ao escurecimento, deteriorações e infecções na fase de pós-colheita, que resultam em grandes perdas e prejuízos econômicos aos produtores. Produtos à base de cloro estão entre os principais sanitizantes utilizados no tratamento pós-colheita dessa fruta, mas podem ocasionar alterações no sabor e gerar subprodutos tóxicos a saúde humana e ao meio ambiente, tornando necessário o uso de produtos mais eficientes e sustentáveis. Este trabalho teve como objetivo, investigar os efeitos da névoa ozonizada na qualidade físico-química de lichias. O ensaio foi composto por sete tratamentos: um controle, que correspondeu a frutas não tratadas, três tratamentos de névoa ozonizada (concentração fixa de 20 mg L-1 de ozônio na saída do gerador, com exposição das frutas por 3, 5 e 7 min) e três tratamentos de névoa isenta de ozônio (aplicação da névoa sem a presença de ozônio, por tempos de 3, 5 e 7 min). Foram realizadas análises físico-químicas nas frutas imediatamente após o tratamento (tempo 0) e aos 2, 4, 6, 7 e 8 dias de armazenamento. O experimento foi conduzido em esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas os tratamentos (controle, névoa ozonizada e névoa isenta de ozônio) e nas subparcelas os tempos de armazenamento (0, 2, 4, 6, 7 e 8 dias), em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com três repetições. O armazenamento das frutas foi feito em sala climatizada, a temperatura de 17 °C e umidade relativa de 56%. Para determinação da qualidade, foram analisadas as variáveis perda de massa fresca, firmeza, teor de sólidos solúveis, pH, acidez total titulável, vitamina C e cor da casca e polpa. Os resultados foram submetidos a análise de variância, realizando-se a comparação das médias pelo teste de Tukey e de cada tratamento com o controle, pelo teste de Dunnett, ambos os testes aplicados a 5% de probabilidade. Independente do tempo de exposição adotado, a névoa ozonizada não afetou variáveis como perda de massa fresca, firmeza, teor de sólidos solúveis, pH, acidez total titulável, vitamina C e cor da polpa. Contudo, foram observados efeitos prejudiciais sobre a cor da casca e qualidade visual em frutas expostas ao ozônio, em todos os tempos de exposição. Neste estudo, a névoa ozonizada não foi eficiente para preservar a aparência externa de lichias. Os resultados demonstraram que essa tecnologia de tratamento pode apresentar baixa eficiência em vegetais com pouca cera cuticular na parte externa, ou menos tolerantes a presença de água. Contudo, esta pesquisa fornece insights importantes para a realização de estudos futuros com névoa ozonizada em produtos agrícolas. |