Resumo |
Este trabalho tem como objetivo investigar a invisibilidade de homens homossexuais em esportes de combate a partir do jornalismo brasileiro. Para isso, analisamos as representações socialmente construídas acerca da virilidade na área esportiva, trazendo à tona as temáticas mais comuns que aparecem nas reportagens. Refletimos sobre a historicidade referente aos esportes de combate, nos quais a hegemonia da masculinidade e virilidade ocasionam uma escassez de corpos e sexualidades considerados “não aptas”. Assim, minorias historicamente subalternizadas travam batalhas contra a desigualdade, não reconhecidas devido a um irrisório alcance midiático. O estudo está embasado pela análise documental, sua fomentação está alicerçada em autores como Vigarello, para falarmos da masculinidade e virilidade, e Camargo, para compreendermos o retrocesso incentivado e alimentado pelos canais midiáticos. Metodologicamente foram selecionados três sites e uma revista: Combate (site da TV Combate, se encontra dentro da plataforma do Globo Esporte); Folha de São Paulo (site); Tatame (revista) e Globo Esporte (site) . Estes periódicos são acessíveis via internet e sua escolha levou em consideração a cobertura que fazem sobre as modalidades de lutas. Após a seleção dos canais midiáticos, foram utilizados seis termos de busca: homossexuais; gays; LGBT, exclusão; trans e bissexual, os resultados obtidos totalizaram em trinta e oito matérias sobre a tematica. Ao analisarmos as poucas reportagens alcançadas, três temáticas chamam a atenção: a homofobia, a fetichização da homosexualidade feminina e a criação de categorias específicas para pessoas trans. Vale ressaltar que os meios de comunicação analisados evidenciam discursos predominantemente marcados por valores heteronormativos e pela masculinidade hegemônica, os atletas dessa modalidade em sua maioria heterosexuais, marginalizam outras expressões de identidade e afetividade. Em casos de aceitação da sexualidade feminina, os resultados mostraram que essa aceitação não se dá pelo trabalho e técnica das atletas ou por uma postura inclusiva, mas sim pela objetificação e fetichização desses corpos pelo olhar masculino. Conclui-se que a homossexualidade nos esportes de combate permanece invizibilizada, seja pela omissão dos meios midiáticos, seja pelo preconceito estrutural, enraizado no meio esportivo. A escassez de representação desses indivíduos, neutralizados pela mídia ou esportistas da modalidade, reforça a urgência de iniciativas que promovam espaços mais inclusivos e seguros para atletas de sexualidades e identidades de gêneros dissidentes. Desta forma, o presente estudo busca contribuir para uma reflexão a respeito do papel midiático na perpetuação ou desconstrução dessas exclusões no meio esportivo, a fim de promover respeito e inclusão das identidades e diversidades invisibilizadas no meio esportivo. |