Das Montanhas de Minas ao Oceano: Os Caminhos da Ciência para um Futuro Sustentável

20 a 25 de outubro de 2025

Trabalho 20245

Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Dimensões Sociais: ODS10
Setor Departamento de Letras
Bolsa FAPEMIG
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro FAPEMIG
Primeiro autor Júlia Laurindo de Oliveira
Orientador JUNIOR VILARINO PEREIRA
Título "A Capital", de Avelino Fóscolo: heterotopia e polifonia
Resumo O presente trabalho busca analisar o romance "A Capital" (1903), do escritor mineiro Avelino Fóscolo (1864-1944). A trama se passa no polêmico contexto de transferência da capital mineira de Ouro Preto para a localidade do Curral del-Rei, que posteriormente viria a ser nomeada Belo Horizonte. A análise da obra prioriza duas categorias textuais: o foco narrativo e o espaço. O primeiro será analisado a partir do conceito de polifonia, cunhado por Michail Bakhtin, e o segundo, pelo de heterotopia, por Michel Foucault.
Para Bakhtin, Dostoievski é o criador do romance polifônico. Quando se fala de polifonia, em um romance, trata-se de um coro de vozes, ideais e crenças que aparecem defendidos pelos personagens embora sejam diferentes e até contraditórios, não representando a opinião do autor: "Dostoievski não cria escravos mudos (como Zeus), mas pessoas livres, capazes de colocar-se lado a lado com seu criador, de discordar dele e até rebelar-se contra ele" (Bakhtin, 1997). É como se os personagens fossem criações livres para pensar o que querem, sem julgamento da instância autoral.
Já a heterotopia aborda não mais o discurso, mas o espaço romanesco, que, assim como o coro de vozes, não é único: "A heterotopia tem como regra justapor em um lugar real vários espaços que, normalmente, seriam ou deveriam ser incompatíveis" (Foucault, 2013).
A hipótese formulada destacou dois eixos: i) relativamente ao discurso, que o romance “A Capital” tenha sido um texto sensível ao amplo debate ideológico travado, à época, acerca da mudança da capital; ii) relativamente ao espaço, que o imaginário ocidental relativo à cidade moderna progressista tenha gerado perspectivas espaciais imaginárias que mobilizam o entusiasmo por uma nova capital, aos moldes do progresso urbano e científico dos Oitocentos.
Nesta primeira fase da pesquisa, centrada no discurso e na ideologia, que constituem o primeiro eixo conceitual, os resultados parciais obtidos permitiram concluir preliminarmente que: i) o romance de Fóscolo inseriu-se em um debate de amplo espectro ideológico acerca da mudança da capital de Ouro Preto para o Curral del-Rei, enfatizando a polifonia discursiva.
Esperamos demonstrar, na segunda etapa da pesquisa, focada no conceito de espaço, com base na heterotopia, de Michel Foucault, que a ciência e a ideologia do progresso desempenham, no universo ficcional, papel determinante na aposta ou na recusa do novo projeto de capital pelos personagens.
A pesquisa espera contribuir para a divulgação da obra de Avelino Fóscolo como representante de certo naturalismo tardio na literatura mineira e nas letras brasileiras. Esta investigação se configura, portanto, enquanto pesquisa de lacunas, uma vez que a obra do romancista tem sido historicamente obliterada pela crítica literária e pela historiografia da literatura mineira.
Palavras-chave Literatura Mineira, Polifonia, Heterotopia.
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