Instituição | Universidade Federal de Viçosa |
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Nível | Graduação |
Modalidade | Pesquisa |
Área de conhecimento | Ciências Humanas e Sociais |
Área temática | Dimensões Sociais: ODS10 |
Setor | Departamento de Letras |
Bolsa | FAPEMIG |
Conclusão de bolsa | Não |
Apoio financeiro | FAPEMIG |
Primeiro autor | Júlia Laurindo de Oliveira |
Orientador | JUNIOR VILARINO PEREIRA |
Título | "A Capital", de Avelino Fóscolo: heterotopia e polifonia |
Resumo | O presente trabalho busca analisar o romance "A Capital" (1903), do escritor mineiro Avelino Fóscolo (1864-1944). A trama se passa no polêmico contexto de transferência da capital mineira de Ouro Preto para a localidade do Curral del-Rei, que posteriormente viria a ser nomeada Belo Horizonte. A análise da obra prioriza duas categorias textuais: o foco narrativo e o espaço. O primeiro será analisado a partir do conceito de polifonia, cunhado por Michail Bakhtin, e o segundo, pelo de heterotopia, por Michel Foucault. Para Bakhtin, Dostoievski é o criador do romance polifônico. Quando se fala de polifonia, em um romance, trata-se de um coro de vozes, ideais e crenças que aparecem defendidos pelos personagens embora sejam diferentes e até contraditórios, não representando a opinião do autor: "Dostoievski não cria escravos mudos (como Zeus), mas pessoas livres, capazes de colocar-se lado a lado com seu criador, de discordar dele e até rebelar-se contra ele" (Bakhtin, 1997). É como se os personagens fossem criações livres para pensar o que querem, sem julgamento da instância autoral. Já a heterotopia aborda não mais o discurso, mas o espaço romanesco, que, assim como o coro de vozes, não é único: "A heterotopia tem como regra justapor em um lugar real vários espaços que, normalmente, seriam ou deveriam ser incompatíveis" (Foucault, 2013). A hipótese formulada destacou dois eixos: i) relativamente ao discurso, que o romance “A Capital” tenha sido um texto sensível ao amplo debate ideológico travado, à época, acerca da mudança da capital; ii) relativamente ao espaço, que o imaginário ocidental relativo à cidade moderna progressista tenha gerado perspectivas espaciais imaginárias que mobilizam o entusiasmo por uma nova capital, aos moldes do progresso urbano e científico dos Oitocentos. Nesta primeira fase da pesquisa, centrada no discurso e na ideologia, que constituem o primeiro eixo conceitual, os resultados parciais obtidos permitiram concluir preliminarmente que: i) o romance de Fóscolo inseriu-se em um debate de amplo espectro ideológico acerca da mudança da capital de Ouro Preto para o Curral del-Rei, enfatizando a polifonia discursiva. Esperamos demonstrar, na segunda etapa da pesquisa, focada no conceito de espaço, com base na heterotopia, de Michel Foucault, que a ciência e a ideologia do progresso desempenham, no universo ficcional, papel determinante na aposta ou na recusa do novo projeto de capital pelos personagens. A pesquisa espera contribuir para a divulgação da obra de Avelino Fóscolo como representante de certo naturalismo tardio na literatura mineira e nas letras brasileiras. Esta investigação se configura, portanto, enquanto pesquisa de lacunas, uma vez que a obra do romancista tem sido historicamente obliterada pela crítica literária e pela historiografia da literatura mineira. |
Palavras-chave | Literatura Mineira, Polifonia, Heterotopia. |
Apresentações |
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