Resumo |
O transporte é essencial na criação e na comercialização de peixes, mas desencadeia respostas de estresse em função do manejo de captura, contenção, adensamento e mudanças na qualidade da água. Como resposta, há aumento do metabolismo, maior consumo do oxigênio e liberação de CO2, e consequente redução do pH da água devido ao aumento de H+. Além disso, o jejum pré-transporte intensifica a gliconeogênese a partir de aminoácidos, aumentando a concentração de amônia, o que pode ser tóxico aos peixes. Para minimizar tais efeitos, tem-se utilizado óleos essenciais com propriedades sedativas, antioxidantes e miorrelaxantes na água do transporte de peixes. Portanto, objetivamos avaliar o potencial dos óleos essenciais de cravo, Sysigium aromaticum, de orégano, Origanum vulgare, e de melaleuca, Melaleuca alternifolia, na redução da excreção de amônia em juvenis de Cyprinus carpio submetidos ao transporte. Os peixes foram mantidos no Laboratório de Fisiologia Aplicada à Piscicultura (LAFAP) do Departamento de Biologia Animal da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em caixas de 250L com filtros biológicos e temperatura controlada (25ºC) para a adaptação às condições laboratoriais. O experimento seguiu delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos: CO (controle, sem óleo); C1 (3,75 µl óleo de cravo); C2 (7,5 µl cravo); O (1,25 µl orégano); M (8,75 µl melaleuca), com quatro repetições cada. Cada repetição consistiu em 12 peixes por saco plástico, mantidos por 24h no porta-malas de um carro em movimento e parado, simulando o transporte real. Avaliaram-se parâmetros da água e glicemia (resposta ao estresse). O sangue foi coletado via corte no pedúnculo caudal, com leitura da glicemia por monitor digital (One Call Plus). Os dados foram analisados por vicariância e teste de Tukey (5%). A qualidade de água e a glicemia sanguínea dos tratamentos também foi comparada com os valores observados antes do transporte. Após o transporte, houve redução significativa no pH, e aumento da amônia total e não ionizada em todos os tratamentos (p<0,05). O aumento na glicemia ocorreu apenas nos tratamentos C1, C2 e O, o que indica que os óleos de cravo e orégano causaram estresse nos animais. Apenas o tratamento com melaleuca apresentou menor amônia total na água (p<0,05) em relação ao controle (CO), mas sem diferença significativa frente aos demais tratamentos. Para pH, oxigênio dissolvido e amônia não ionizada, não houve efeito dos tratamentos (p>0,05). A glicemia sanguínea em CO e M não diferiu dos valores de antes do transporte, o que sugere ausência de estresse. Já C1, C2 e O apresentaram glicemia elevada, indicando que esses óleos causam estresse nos peixes. Contudo, os tratamentos CO, C1, C2, O e M não diferiram entre si para glicemia sanguínea. Desse modo, podemos concluir que o óleo de melaleuca é recomendado para o transporte de juvenis de carpas ornamentais por minimizar a excreção de amônia na água e não causar respostas de estresse. |