Resumo |
Este trabalho teve como objetivo analisar a inserção da História da Química nos cursos de Licenciatura em Química das universidades federais de Minas Gerais, investigando como essa abordagem tem contribuído para a formação inicial de professores. Fundamentado em autores da Educação em Ciências e nas Diretrizes Curriculares Nacionais, o estudo parte do entendimento de que a História da Química pode favorecer uma visão mais crítica, contextualizada e reflexiva da ciência, contribuindo para práticas pedagógicas mais efetivas e humanas. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, com base na Análise de Conteúdo de Bardin, utilizando como corpus as ementas das disciplinas relacionadas ao tema, acessadas por meio dos portais institucionais das universidades mineiras. As unidades de significado (US) extraídas foram organizadas em quatro categorias temáticas: (i) Perspectiva evolutiva da Química, (ii) Relação entre História e Ensino, (iii) Relação ciência-sociedade e (iv) Práticas e epistemologia. A análise evidenciou uma predominância da abordagem cronológica e evolutiva, centrada em marcos históricos, teorias e personagens da Química clássica, o que favorece a compreensão da ciência como construção histórica, ainda que, muitas vezes, sem aprofundamento crítico. Por outro lado, algumas ementas incorporam discussões sobre os vínculos entre ciência e sociedade, saberes plurais, formação docente e aspectos epistemológicos, sinalizando avanços na direção de um currículo mais inclusivo e crítico. A presença da disciplina em quase todas as universidades, geralmente como obrigatória, reflete o cumprimento das diretrizes curriculares e a valorização institucional do tema. Contudo, a análise das ementas revelou limitações, como a escassa articulação com práticas pedagógicas e a ausência de conteúdos que promovam maior diversidade epistemológica. Conclui-se que, embora a História da Química esteja presente nas estruturas curriculares, sua efetiva integração à formação docente ainda é parcial. Como continuidade da pesquisa, recomenda-se a análise dos planos de ensino completos, das bibliografias utilizadas e das metodologias adotadas, bem como a realização de entrevistas com docentes e observações em sala de aula, de modo a compreender as possíveis dissonâncias entre o currículo formal e as práticas efetivas de ensino. |