Resumo |
A Bacia do Rio Paraguai, considerada a maior planície alagável do mundo, abrange três importantes biomas brasileiros: Pantanal, Cerrado e Amazônia. Além de seu elevado valor ecológico, desempenha papel crucial na economia regional. No entanto, a expansão de atividades antrópicas, sobretudo relacionadas à agricultura e à pecuária, tem provocado significativos impactos ambientais, gerando crescente preocupação social. Diante desse cenário, este trabalho teve como objetivo analisar a dinâmica espaço-temporal do desmatamento na Bacia do Rio Paraguai entre os anos de 2000 e 2023. A área de estudo abrange a porção brasileira da Bacia do Rio Paraguai, localizada nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na região Centro-Oeste do Brasil. Foram utilizados dados de uso e cobertura do solo da plataforma MapBiomas, com recortes temporais a cada três anos (2000, 2003, 2006, 2009, 2012, 2015, 2018, 2021 e 2023). Os mapas foram reclassificados em três categorias principais: áreas naturais, áreas antropizadas e massas d’água. Os resultados indicam uma tendência generalizada de redução das áreas naturais e aumento das áreas antropizadas ao longo de toda a bacia. Em contrapartida, identificou-se também uma recuperação parcial de áreas anteriormente degradadas, possivelmente atribuída a processos de regeneração natural e/ou ações de restauração ambiental. As massas d’água apresentaram variações significativas ao longo do período, refletindo a influência de fatores como eventos climáticos extremos, alterações no regime hidrológico e pressão antrópica. No intervalo analisado, observou-se uma redução de aproximadamente 53,23% na extensão das massas d’água, sendo que a maior parte dessa área foi convertida em vegetação natural. Os resultados evidenciam um padrão preocupante de perda de áreas naturais e recursos hídricos, associado à intensificação do uso antrópico. Esses achados reforçam a urgência na implementação de políticas públicas voltadas à conservação e ao manejo sustentável da bacia, com vistas à preservação dos serviços ecossistêmicos e da integridade do bioma pantaneiro a longo prazo. |