Resumo |
Os arcos estão entre os sistemas estruturais mais antigos utilizados na construção de edificações e pontes, sendo empregados pelos egípcios há mais de 3000 anos a.C. As pontes em arcos de alvenaria de pedra ou concreto são estruturas reconhecidas por sua elevada eficiência estrutural e durabilidade, uma vez que as aduelas trabalham majoritariamente à compressão. A maioria das pontes em arco construídas recentemente utiliza arcos de concreto armado com elevada taxa de armadura. Essas soluções, além de apresentarem dificuldades associadas à fabricação, ao armazenamento, ao transporte e à montagem, como a necessidade de um escoramento curvo, são susceptíveis à deterioração devido à corrosão. Buscando superar essas limitações e otimizar a construção de pontes em arco, desde o início do século XXI, pesquisadores têm desenvolvido sistemas construtivos inovadores, combinando os aspectos positivos dos sistemas em arco - como elevada capacidade resistente e durabilidade - com os benefícios da construção industrializada, incluindo curto prazo de execução, mínima interferência em estradas e cursos d’água, ausência de escoramentos, custo competitivo e facilidade de fabricação e transporte. Seguindo essa tendência global, a empresa brasileira Pedreira Um Valemix, sediada em Minas Gerais, iniciou um processo de desenvolvimento de um novo sistema estrutural de ponte em arco utilizando aduelas de concreto pré-moldado não armado, denominado Valeponte. No presente trabalho apresentam-se os resultados de um ensaio prospectivo de um modelo reduzido desse sistema, em escala 1:10, realizado no Laboratório de Estruturas do Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Viçosa. O modelo ensaiado foi composto por aduelas de graute com resistência à compressão de 50 MPa e por um material de enchimento de concreto reforçado com fibras com resistência à compressão de 30 MPa. Aplicou-se uma força concentrada a um terço do vão, de forma monotônica. O modelo atingiu o esgotamento da capacidade resistente dos materiais com uma ruptura frágil em diagonal, que se iniciou na região de aplicação da carga e avançou através do material de enchimento e da aduela. Os resultados obtidos permitiram compreender de maneira mais clara o comportamento do sistema estrutural e se constituem uma base para o desenvolvimento de uma metodologia de pesquisa que envolve a calibração de modelos numéricos e a realização de novos ensaios experimentais. De uma forma mais ampla, o sistema construtivo desenvolvido no âmbito desse trabalho busca uma alternativa industrializada e sustentável para pontes de pequeno porte e está alinhado com as demandas sociais de carência de infraestrutura no Brasil e com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 9 – Indústria, Inovação e Infraestruturas – da ONU. |