Resumo |
O tabagismo representa elevado risco ao estado de saúde individual, apresentando maior prevalência em alguns grupos, como é o caso das minorias LGBTQIAPN+. Dessa forma, esta pesquisa teve como objetivo analisar a relação entre orientação sexual e o consumo de produtos do tabaco no Brasil. A partir de dados extraídos da PNS 2019, foram estimados modelos Probit, cujos resultados demonstraram consistentemente que indivíduos que se declaram gays ou bissexuais possuem maior probabilidade de consumirem produtos do tabaco. Esse resultado aponta que no Brasil a tendência de maior prevalência ao tabagismo em minorias sexuais é identificada. Nesse sentido, as minorias LGBTQIAPN+ representam uma parcela da população marginalizada, sendo dessa forma mais suscetível ao “estresse das minorias”, além de possuir maior predisposição a transtornos de depressão e ansiedade. Outro fator concernente ao resultado encontrado é relativo ao fato de que essas minorias enfrentam diariamente situações de preconceito e discriminação, até mesmo no ambiente do SUS, dificultando o acesso adequado aos serviços de saúde, que é imprescindível para o controle do tabagismo. Nos modelos estimados com inserção das dummies de interação, foi possível observar o que o fato de o indivíduo ser gay ou bissexual e possuir apenas até o ensino fundamental completo eleva a probabilidade de consumo de produtos do tabaco, similarmente às pessoas do gênero masculino e que se identificam como pertencentes às minorias sexuais consideradas no estudo. Diante dos resultados encontrados, seria importante a implementação de políticas públicas direcionadas às minorias LGBTQIAPN+, particularmente no que se refere às suas condições de saúde e especificamente que reduzam o tabagismo. À vista disso, ações que propiciem mais acesso à informação relativas aos riscos relativos ao consumo de produtos do tabaco por parte das minorias sexuais seriam fundamentais. Ademais, intervenções que diminuam a marginalização da população LGBTQIAPN+, inclusive por parte dos prestadores dos serviços de saúde no âmbito do SUS para que haja sua universalização, seriam de suma importância. Além das políticas públicas para minorar o consumo de produtos do tabaco pelas minorias sexuais, seria fundamental atenção específica em relação a gays e bissexuais com menor nível de instrução e do sexo masculino, que conforme os resultados do trabalho possuem maior prevalência em relação ao tabagismo. |