Resumo |
Neste trabalho são apresentadas as considerações iniciais do projeto “O discurso familiar em contexto de guerra: análise discursiva da representação dos papéis sociais em Maus, de Art Spiegelman”. Essa obra é uma história em quadrinhos biográfica, em que Spiegelman conta a história de seu pai, um judeu sobrevivente do holocausto, a partir de entrevistas com o mesmo, zoomorfizando as personagens (judeus são ratos, alemães são gatos, americanos são cães, poloneses são porcos, etc.) Essa pesquisa se encontra na área da Análise do Discurso e as análises são feitas a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Semiolinguística, de Patrick Charaudeau, especialmente os conceitos de “mise-en-scène” (um esquema que representa o dispositivo de encenação da linguagem) e os modos de organização do discurso (Enunciativo, Descritivo, Argumentativo e Narrativo). Desse modo, nosso projeto busca analisar o discurso familiar presente na história em quadrinhos Maus, de Art Spiegelman, buscando compreender a representação dos papéis sociais em contexto de guerra. Para isso, mobiliza os seguintes objetivos específicos: i) perscrutar os sujeitos do discurso presentes nas relações familiares no corpus; ii) identificar os papéis sociais predominantes ligados às personagens nas relações familiares; iii) compreender como é construído o jogo entre identidade social e identidade discursiva nos discursos das personagens que mantêm laços familiares no corpus; iv) descrever o discurso das personagens nas relações familiares no corpus através dos modos de organização do discurso; v) descrever os contratos de comunicação estabelecidos entre as personagens nas relações familiares no contexto de guerra; e, por fim, vi) tentar identificar e caracterizar possíveis mudanças de comportamento discursivo e nos contratos de comunicação entre as personagens no contexto de guerra. Além disso, embora as histórias em quadrinhos apresentem texto e imagem simultaneamente, o que as torna um gênero textual multimodal, nossa escolha metodológica, ao invés de nos prender as propriedades estéticas da HQ, no tocante aos seus elementos gráficos e imagéticos, optamos por considerar mais enfaticamente as características linguísticas e discursivas presente no corpus. |