Resumo |
A economia de Minas Gerais, historicamente fundamentada na mineração e na agropecuária, reflete as características da matriz econômica nacional, com forte dependência de setores primários e baixo nível de complexidade produtiva. O processo de desindustrialização precoce, aliado à concentração das exportações em commodities de baixo valor agregado, contribui para a vulnerabilidade econômica do estado frente às oscilações do mercado internacional e aos desafios ambientais. Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar a relação entre a matriz econômica mineira e os impactos ambientais decorrentes, com foco na emissão de gases de efeito estufa (GEE) e no desmatamento, além de discutir caminhos para uma transição rumo a um desenvolvimento sustentável e de maior complexidade econômica. O estudo foi desenvolvido por meio de análise descritiva de dados secundários, obtidos de instituições como SEEG, Dataviva, IBGE e SOS Mata Atlântica, sendo a metodologia orientada pela análise de conteúdo de grade aberta, conforme Bardin (1979). As variáveis principais consideradas foram os produtos mais representativos da economia estadual e os seus respectivos impactos ambientais. Os resultados apontam que Minas Gerais ocupa posição de destaque entre os maiores emissores de GEE do país, sendo que as atividades agropecuárias e a indústria extrativista mineral são as principais responsáveis pelas emissões, além de serem fatores determinantes no desmatamento da Mata Atlântica e na degradação de outros biomas. Observou-se ainda que a agropecuária mineira, apesar de apresentar crescimento expressivo nos últimos anos, especialmente na produção de soja, cana-de-açúcar e milho, permanece fortemente concentrada em grandes unidades produtivas, ao passo que a agricultura familiar, apesar de sua importância social e econômica, enfrenta desafios estruturais. Em relação à mineração, os impactos ambientais têm sido severos, com destaque para os desastres ambientais ocorridos em Mariana e Brumadinho. A análise evidencia que a configuração atual da matriz produtiva estadual limita o avanço em direção a uma economia de maior complexidade e menor impacto ambiental. Conclui-se que, para garantir a sustentabilidade econômica e ambiental de Minas Gerais, é imprescindível a adoção de políticas públicas voltadas à diversificação produtiva, ao estímulo à inovação tecnológica e à valorização de setores industriais de maior sofisticação tecnológica. Investimentos em tecnologia e processos produtivos mais limpos, aliados ao fortalecimento da governança ambiental, se apresentam como estratégias fundamentais para minimizar os impactos socioambientais, aumentar o valor agregado da produção e contribuir para a segurança alimentar, energética e climática do estado e do país. |