| Resumo |
O café, uma das bebidas mais consumidas no mundo, é fundamental para a economia de países como o Brasil, cuja cadeia produtiva gera empregos e divisas, mas também grandes volumes de resíduos como cascas, folhas e pergaminho, muitas vezes descartados inadequadamente. Tais resíduos, ricos em compostos bioativos com propriedades antioxidantes, antifúngicas e inseticidas, despertam interesse crescente para aplicação em tecnologias sustentáveis, especialmente frente aos desafios fitossanitários da cafeicultura, como o nematoide-das-galhas (Meloidogyne incognita) e a ferrugem do cafeeiro causada pelo fungo Hemileia vastatrix. Nesse contexto, este trabalho propõe uma alternativa sustentável por meio da nanotecnologia, com a produção de nanocápsulas de celulose nanofibrilada (CNF), extraída do pergaminho do café por desfibrilação mecânica e caracterizada por técnicas como FTIR, DRX, TG/DTG, MEV, MET e MFA, contendo extratos vegetais obtidos de folhas e cascas de variedades resistentes por maceração com diferentes solventes, seguido de liofilização. O nanoencapsulamento foi feito por nanoprecipitação com uso de CNF, monoestearato de sorbitana (Span® 60), polioxietileno sorbitano monooleato (Tween® 80), lecitina de soja, acetona e os extratos, sendo os compostos testados quanto à atividade antifúngica frente aos uredosporos de H. vastatrix e à atividade nematicida sobre juvenis de M. incognita. No total, 29 formulações foram avaliadas, destacando-se o extrato etanólico nanoencapsulado da casca (composto 6) e o extrato 1:1 de folha de café arábica nanoencapsulado (composto 9), que reduziram a germinação de H. vastatrix para menos de 40% na concentração 10 mg/mL. Nos testes nematicidas, os extratos nanoencapsulados de folhas de café arábica e triploide apresentaram mortalidade superior a 75% após 72 horas. Esses resultados indicam que a combinação entre extratos vegetais de café e a tecnologia de liberação controlada por nanocápsulas representa uma alternativa promissora, ecológica e eficaz ao uso de pesticidas sintéticos. Embora os dados em laboratório sejam bastante positivos, são necessárias futuras avaliações em condições de campo para validar o uso prático dessas formulações na cafeicultura.(CNPq, Embrapa - Consórcio Pesquisa Café, FAPEMIG, Finep). |