Resumo |
Este trabalho analisa a política de assistência estudantil no Instituto Federal do Amazonas – Campus Tefé (IFAM-CTEF), com foco em sua efetividade diante das condições socioeconômicas adversas do interior amazônico. A pesquisa, de natureza qualitativa e descritiva, fundamentou-se na análise de dados institucionais referentes ao período de 2023 a 2025 e na realização de entrevista semiestruturada com o assistente social do campus. Os resultados evidenciam que a maioria dos estudantes possui renda familiar per capita inferior a meio salário-mínimo e enfrenta obstáculos cotidianos relacionados à alimentação, transporte, moradia e acesso a materiais escolares. O estudo aponta ainda a insuficiência dos recursos destinados à assistência estudantil, agravada pelo chamado “custo amazônico”, que encarece significativamente os bens e serviços essenciais, comprometendo a efetividade das ações voltadas à permanência estudantil. Embora a recente Lei nº 14.914/2024 represente um avanço ao consolidar a Política Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) como política de Estado, persistem lacunas quanto ao financiamento adequado e à sensibilidade das políticas públicas frente às especificidades regionais. A realidade evidenciada demonstra a necessidade de critérios mais justos na distribuição de recursos, bem como de estratégias que contemplem a diversidade socioterritorial do Amazonas. Conclui-se que a assistência estudantil é estratégica para a garantia do direito à educação e para a superação das desigualdades históricas que afetam populações ribeirinhas, indígenas, rurais e periféricas. No entanto, para que cumpra seu papel de instrumento de justiça social, é fundamental o fortalecimento do investimento público, a valorização dos profissionais da educação e a articulação com outras políticas sociais, como saúde, moradia, transporte e infraestrutura. O estudo reafirma a importância de uma política pública efetiva e equitativa, comprometida com os direitos dos cidadãos, além de considerar a importância de se voltar olhares para regiões vulneráveis, marginalizadas e em uma região que ainda carece de investimentos, sobretudo em políticas públicas e sociais voltadas à população. |