Resumo |
Desde a implantação de suas primeiras estações em meados dos anos 90, a RBMC se tornou a principal infraestrutura geodésica tridimensional para a integração de marcos de referência ao SGB. Baseada no conceito de redes ativas, é composta por um conjunto de estações com receptores GNSS multifrequência e de operação contínua, materializados em locais estáveis, abrangendo todo o território brasileiro. É a partir dos dados de observação de suas estações, e das coordenadas em SIRGAS2000, época 2000.4, que novos marcos geodésicos, inclusive da própria RBMC são integrados pelo IBGE ao SGB. Porém, esse conceito de integração baseado em um modelo de referência estático, em que coordenadas de origem permanecem inalteradas ao longo do tempo, geram discrepâncias, que adicionadas àquelas provenientes da heterogeneidade de padrões adotados em diferentes momentos, podem chegar a dezenas de centímetros. Essa pesquisa propõe uma nova metodologia de integração de marcos ao SGB baseada em um modelo de referência dinâmico. Coordenadas de referência serão obtidas a partir das informações de uma coordenada de origem, de tendências lineares, e de termos periódicos, extraídos de uma solução multianual estabelecida para a RBMC através de um reprocessamento de toda a série histórica, padronizado, e alinhado ao ITRF2020, compreendendo o período de 1995 a 2025. Séries temporais de posição para cada estação da RBMC serão definidas, permitindo a identificação de eventuais descontinuidades provocadas por trocas de equipamentos, terremotos, eventos geodinâmicos locais, ou fatores desconhecidos, e assim determinar coordenadas válidas para cada período de dados, além de tendências definidas a partir de suas velocidades lineares, e comportamentos periódicos anuais e semianuais caracterizado por suas velocidades não lineares. Para uma integração homogênea ao SGB, serão estabelecidos critérios para a seleção das estações de referência, levando-se em consideração fatores como a precisão das coordenadas e velocidades lineares e não lineares, estabilidade do marco, RMSE das soluções diárias, descontinuidades e outiliers identificadas nas séries temporais, assim como a determinação de um modelo de velocidade tridimensional a ser usado para a redução das coordenadas para a mesma época de origem da solução multianual. Será proposto também uma validação das coordenadas de referência extrapoladas para períodos posteriores a 2025 a partir da continuidade das determinações GNSS das soluções diárias e semanais. Com essa nova metodologia, espera-se que futuras integrações de marcos geodésicos ao SGB, incluindo novas estações da RBMC, possam manter a principal rede de referência tridimensional brasileira, precisa, homogênea, e compatível a longo prazo com a qualidade exigida por diversas aplicações, e ao mesmo tempo, acompanhar as tendências das principais redes de referências espalhadas pelo mundo. |