Resumo |
A ordem Rodentia é o grupo mais diverso de mamíferos do mundo, possuindo variados hábitos alimentares, ocupando diferentes habitats e desempenhando importante papel nas interações ecológicas. Dentre as 36 famílias desta ordem podemos destacar a família Cricetidae, constituída por pequenos roedores silvestres. Nela, está inserida a subfamília Sigmodontinae, a mais diversa da América do Sul com 11 tribos e um grupo incertae sedis, sendo a Akodontini a segunda mais diversa. Pesquisas com o aparelho digestório de roedores vêm sendo realizadas no intuito de auxiliar em estudos taxonômicos e no esclarecimento da dieta do grupo. Assim, o presente estudo objetivou caracterizar a diversidade da morfologia macroscópica do ceco de alguns roedores akodontíneos provenientes de um fragmento de Mata Atlântica de Minas Gerais. Foram utilizados um total de 24 indivíduos adultos das espécies: Akodon cursor (6), A. lindberghi (1), Bibimys labiosus (2), Blarinomys breviceps (6), Necromys lasiurus (5), Oxymycterus dasythricus (2) e O. rufus (2). Os espécimes, bem como seus componentes anatômicos internos, estão depositados na Coleção Mastozoológica do Museu de Zoologia João Moojen da Universidade Federal de Viçosa (MZUFV). O acesso ao sistema digestório se deu por meio de uma incisão longitudinal mediana ao longo do abdômen, dissecção do sistema, posterior fixação em formol tamponado por pelo menos 24 horas e armazenamento em álcool 70%. No ceco, foram mensurados com o auxílio de um paquímetro com precisão de 0,01mm: comprimento total, largura da cabeça, largura do corpo e largura da cauda. O comprimento do animal, comprimento do intestino delgado e comprimento do intestino grosso foram obtidos com régua milimetrada. A largura do corpo cecal foi a maior média proporcional para todas as espécies, mesmo com os espécimes apresentando diferentes níveis de repleção do órgão. A proporção ceco/corpo de Oxymycterus rufus apresentou o menor valor (0,10 mm), enquanto Akodon lindberghi possuiu o maior ceco (0,29 mm) em relação ao corpo. Embora O. rufus seja semi-fossorial e A. lindberghi terrestre, a dieta de ambos é considerada insetívora/onívora, portanto, não foi possível inferir se a causa das alterações do ceco se devem a dieta ou a filogenia das espécies. Novos estudos, utilizando um número maior de espécies de diferentes localidades, devem ser desenvolvidos para elucidar estas questões. |