Resumo |
Um dos parâmetros de qualidade para comercialização de lichias (Litchi chinensis) é a coloração avermelhada do pericarpo em frutos frescos. Por ser um fruto atrativo ao mercado internacional, existe uma pressão externa para a necessidade de prolongar sua coloração ao longo da cadeia produtiva após a colheita. Todavia, há uma lacuna na bibliografia acerca do retardamento na perda de cor de frutos cultivados em condições tropicais sob atmosfera modificada na pós-colheita. Portanto, objetivou-se avaliar a composição bioquímica e atividade enzimática do pericarpo de Litchi chinensis cv. ‘Bengal’ em função da coloração submetida a diferentes condições de armazenamento. Os tratamentos foram divididos em ar enriquecido com nitrogênio, uso de absorvedores de oxigênio e controle, mantidos sob refrigeração ou temperatura ambiente para avaliação da colorimetria do pericarpo, conteúdo de compostos fenólicos e atividade das enzimas polifenoloxidase (PPO), peroxidase (POD) e ascobato peroxidase (APX). Os frutos foram pré-selecionados em campo, pré-resfriados e submetidos aos tratamentos. A avaliação da colorimetria foi dada com uso de colorímetro digital com sistema CIE L*a*b*. Foi obtido um extrato alcóolico do pericarpo para quantificação de compostos fenólicos totais. Para avaliação da atividade enzimática foram obtidos extratos com uso de tampão de extração específicos a cada enzima. A quantificação de compostos fenólicos e a taxa de atividade enzimática foi dada por espectofotometria, sendo: Compostos Fenólicos Totais (CFT) pelo método GAE adaptada (Fu et al, 2010); PPO pelo método descrito por Benjamin e Montgomery (1973); POD pelo método de Kar e Mishra (1976); e APX pelo método de Nakano e Asada (1981). Os teores de CFT demonstraram menores valores para os tratamentos refrigerados e o uso de absorvedores de oxigênio em temperatura ambiente se mostrou mais expressivo. A atividade das enzimas PPO e APX foi menor para os tratamentos refrigerados em ambiente modificado, com valores maiores no controle em temperatura ambiente para PPO e nos tratamentos com atmosfera modificada em temperatura ambiente para APX. A atividade da enzima POD se mostrou maior no controle sob refrigeração e menor com o uso de absorvedor de oxigênio em temperatura ambiente. Com os dados obtidos pelo colorímetro foi observado que o pericarpo se manteve no espectro de coloração vermelha e amarela de forma mais presente para os tratamentos refrigerados. O uso de atmosfera modificada não foi relevante para alteração na coloração do pericarpo, assim como a atividade enzimática observada. Contudo, os tratamentos mantidos sob refrigeração demonstram menor acúmulo de compostos fenólicos e menor atividade de PPO e APX, o que se relaciona com a melhor desempenho em manter a coloração avermelhada do pericarpo por maiores períodos de tempo no armazenamento refrigerado. Os dados observados reforçam o uso de cadeia de frio no armazenamento dos frutos de lichia para comercialização. |