Resumo |
O aparecimento de “rachaduras” e “micro-rachaduras” na casca dos frutos a campo é um dos desafios da produção comercial de lichia. A presença de fissuras acelera o processo de desidratação e escurecimento, além de ser uma porta de entrada para patógenos que afeta os demais frutos íntegros no mesmo cacho ou próximos. A literatura aponta desbalanços nutricionais como uma das causas destas rachaduras. Esses desbalanços também são relacionados à microfissuras que ocorrem durante o desenvolvimento dos frutos. Este estudo é parte de um trabalho que tem por finalidade identificar as causas das microfissuras e fissuras em um pomar comercial de produção de lichias. O objetivo deste trabalho é levantar eventuais mecanismos que levem à rachadura dos frutos, dando suporte para práticas que visam evitar o problema. Realizaram-se análises nutricionais de três amostras compostas, dos quais o arilo e pericarpo, foram coletados, isoladamente, de frutos rachados e frutos íntegros coletados em plantas que apresentavam frutos rachados (PR) e de frutos coletados na cadeia de produção (PNR). Análises morfométricas foram realizadas conjuntamente com a coleta de amostras para a análise histológica e ultraestrutural. A análise nutricional do arilo apresentou grande variabilidade de dados. Na próxima safra, novas coletas serão realizadas com um maior número de repetições. Preliminarmente, houve diferença nos teores de nutrientes no arilo de frutos, rachados ou não, de PR e de frutos de PNR. Os valores médios escalares dos teores de N, P, Ca, Mg, Cu, Mn e B no arilo de frutos de PNR obtidos foram de 0,684 dag/kg, 0,144 dag/kg, 0,021 dag/kg, 0,092 dag/kg, 13,143 mg/kg, 3,502 mg/kg e 11,607 mg/kg, respectivamente. Os teores dos mesmos nutrientes no arilo de frutos não rachados de PR foram 0,705 dag/kg, 0,119 dag/kg, 0,019 dag/kg, 0,083 dag/kg, 10,953 mg/kg , 2,954 mg/kg e 5,473 mg/kg, respectivamente. Para as PR, encontrou-se também diferença para os teores de K no arilo de frutos rachados (1,141 dag/kg) e íntegros (0,931 dag/kg). A análise do pericarpo apontou menores teores de Ca e Mg em frutos rachados em relação aos frutos não rachados das mesmas plantas. Frutos rachados apresentaram 0,176 dag/kg de Ca e 0,170 dag/kg de Mg contra 0,252 dag/kg de Ca e 0,205 dag/kg de Mg nos pericarpos de frutos íntegros. Houve contaminação das amostras que impossibilitaram a análise do Boro no pericarpo. Os dados obtidos indicam que as rachaduras podem estar relacionadas ao manejo da adubação e à nutrição das plantas ainda que tratamento estatístico deva ser aplicado aos dados. Levanta-se a hipótese de que as fissuras são decorrentes do aumento de pressão interna do fruto, associada à pontos de fraqueza no pericarpo. Os dados nutricionais preliminares são suporte à hipótese de menor resistência estrutural das paredes celulares, devido a baixos teores de Ca, Mg e B, componentes importantes na estabilidade e estrutura da parede. |