Resumo |
A soja está entre os alimentos mais funcionais e altamente consumidos mundialmente. As Isoflavonas, presentes na soja, são compostos orgânicos naturais, não esteroides e de origem vegetal, sendo um fitoestrógeno que possui estrutura química e funcional semelhante à do estradiol. Seus efeitos para a saúde reprodutiva feminina são muito conhecidos e discutidos na literatura atual. Porém, os efeitos das isoflavonas no sistema reprodutor masculino, ainda não são conclusivos. Pensando nisso, o objetivo desse trabalho foi avaliar a arquitetura testicular de camundongos Balb C após a absorção dos leites de soja (transgênico e não transgênico) e de vaca por 42 dias. Foram utilizados 28 camundongos machos adultos. Após o período de adaptação (7 dias), os animais foram divididos em 4 grupos experimentais (n = 7 animais/grupo), sendo grupo 1 (G1) controle que recebeu água destilada, grupo 2 (G2) que recebeu leite de soja sem grãos transgênicos, grupo 3 (G3) que recebeu leite de soja com grãos transgênicos e grupo 4 (G4) que recebeu leite de vaca, por gavagem, durante 42 dias. Os animais foram mantidos sob controle de luminosidade e temperatura, receberam água e ração ad libitum. Este trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa n° 01/2022. Ao final do tratamento (43º dia) os animais foram pesados em balança de precisão 0,01g (AS500, Marte) e anestesiados com tiopental 30mg/kg por via intraperitoneal. Posteriormente a anestesia foi aprofundada seguida da coleta do sangue por meio de punção cardíaca sendo os animais eutanasiados por exsanguinação. Em seguida, foi feita a abertura da cavidade abdominal a partir de incisão na linha alba para dissecação e obtenção dos testículos. Para a avaliação histopatológica do testículo foram contados 200 túbulos seminíferos por animal e classificados em três categorias, adaptado do índice de Johnsen (1970): patologias leves (vacúolos na base, vacúolos no ápice e vacúolos na base e no ápice), moderada (descamação do epitélio seminífero e túbulos apenas com células basais) e graves (túbulos apenas com células de Sertoli e túbulos desprovidos de células de Sertoli ou células germinativas). Após a absorção dos leites de soja e de vaca pelos animais experimentais por 42 dias, os túbulos seminíferos não apresentaram alterações estatisticamente significativas quanto a histopatologia, quando comparados ao controle. A maioria dos túbulos seminíferos apresentaram arquitetura íntegra, com patologias leves dentro da normalidade. Em uma análise qualitativa, observamos que as patologias moderadas e severas, como descamação do epitélio e túbulos desprovidos de células germinativas tiveram um leve aumento no G2 e G3, quando comparados ao controle. Alterações histopatológicas nos testículos podem levar a danos na produção espermática. Os dados desse trabalho podem contribuir para melhor compreensão dos efeitos da ingestão diária do leite de soja e de vaca para a saúde reprodutiva. |