Resumo |
Sarcomas de tecidos moles são neoplasias de origem mesenquimal, de tecidos como a pele, tecido subcutâneo e vísceras, classificados por suas características biológicas e histopatológicas similares. São exemplos o fibrossarcoma, tumor de bainha de nervo, mixossarcoma, leiomiossarcoma e o sarcoma indiferenciado. São frequentes em cães de meia idade, sem predisposição por raça ou sexo. O tratamento indicado para tais se baseia na ressecção com ampla margem de segurança, contudo pelas características de alta capacidade de invasão tecidual perineoplásica, a remoção da neoplasia primária deve estar associada a terapias neoadjuvantes e adjuvantes. Objetiva-se relatar o caso de um paciente canino macho, pastor alemão, de 10 anos, submetido a excisão cirúrgica de sarcoma de tecidos moles em região de membro torácico e região cervical. O paciente apresentou aumento de volume com evolução rápida e agressiva de 15 dias. Ao exame físico o paciente tinha todos parâmetros dentro da normalidade para a espécie. Foram coletadas amostras para avaliação hematológica e o paciente foi encaminhado para realização de exames de imagem para pesquisa de metástase. Nas radiografias do membro torácico direito foi possível notar importante aumento de volume com opacidade de tecidos moles adjacente à articulação escapuloumeral sem evidências de acometimento ósseo. Na avaliação torácica não foi notado sinal de metástase, assim como na ultrassonografia abdominal. Na ultrassonografia do membro, foi visualizada perda da definição das fibras musculares e presença de áreas císticas com neovascularização. Devido à agressividade da neoformação optou-se pela amputação do membro envolvido e exérese da neoplasia que se estendia até a região cervical. A incisão foi feita desde a borda dorsal da escápula até o terço médio do úmero. Os músculos trapézio, braquiocefálico, omotransverso, omobraquial, supraespinhoso, infraespinhoso, deltóide, tríceps braquial e peitoral profundo foram removidos. Mediante a extensão do tumor, foi necessário a dissecação minuciosa da neoplasia que envolvia traqueia, esôfago, vértebras cervicais, artéria carótida comum e ligar a veia jugular externa direita. Após remoção da neoplasia, foram realizados flaps musculares com os remanescentes da musculatura e redução do espaço morto com walking suture após confecção de retalho de avanço para fechamento da ferida, utilizando-se poliglactina 1, 0, 2-0 e 3-0, seguido de sutura intradérmica zigue zague e sutura de pele. O paciente foi encaminhado para a unidade de terapia intensiva, onde recebeu os cuidados pós-operatórios imediatos e ficou em regime de internação por duas semanas, recebendo as medicações necessárias e manejo tópico da ferida. Pode concluir-se que a técnica realizada foi eficiente para a resolução cirúrgica do caso, e que, os cuidados intensivos em período pós operatório foram essenciais para o sucesso do procedimento, promovendo o bem estar do paciente e diminuindo o risco de possíveis complicações. |