Resumo |
Introdução: O processo de identificação consiste em selecionar possíveis jogadores que serão capazes de receber um treinamento mais qualificado e melhorar suas competências para chegar ao nível profissional. Já o desenvolvimento está relacionado às oportunidades e experiências que são oferecidas ao jogador durante toda sua formação. Para que as duas etapas ocorram de forma adequada é necessário ter atenção a fatores que impactam este processo, como as características ambientais, representadas pela Taxa Demográfica (TD) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Estudos sobre o tema apontam para o tamanho da cidade como um fator importante para a exposição das crianças nas idades iniciais aos diferentes esportes e atividades físicas, com essa vantagem sendo observada para as pequenas-médias cidades, quando comparadas com os grandes centros urbanos. Pesquisadores apontam para o uso do IDH, que considera três parâmetros importantes como saúde, economia e educação, associado com a TD, para trazer mais clareza sobre as informações do local de nascimento. Com isso, se faz necessário compreender como as características ambientais dos locais de nascimento dos atletas podem influenciar no processo. Objetivos: O objetivo deste estudo foi verificar a influência da TD e IDH no processo de identificação e desenvolvimento de jogadores na Série C de acordo com as posições. Metodologia: A amostra foi composta por 8.720 jogadores (797 goleiros, 2.718 defensores, 3.011 meio campistas e 2.194 atacantes), que jogaram a Série C entre 2003 e 2020. Os dados referentes as cidades onde os atletas nasceram foram coletados através do site o Gol (https:www.ogol.com.br/), e o IDH foi coletado através do site do PNUD (https:www.undp.org/pt/brazil). A TD foi dividida em 17 intervalos populacionais de acordo com o número de habitantes e o IDH foi dividido em tercis [T1 – Baixo (<0,500); T2 – Médio (0,501 – 0,700) e T3 – Alto (>0,701)]. Foi realizada análise descritiva dos dados (frequências absolutas e relativas, média e desvio padrão). O teste qui-quadrado (χ2) foi usado para verificar as diferenças entre as frequências de jogadores nas variáveis. A diferença significativa adotada foi p < 0,05. Resultados: Os resultados mostraram uma diferença significativa para as comparações da proporção de jogadores de diferentes posições em todos os intervalos populacionais e para a frequência de jogadores nos tercis de IDH. Foi observado também que 53,4% da amostra nasceu em cidades com até 400 mil habitantes e 86,6% são oriundos de cidades com IDH > 0,701, considerado alto. Conclusões: Portanto podemos inferir que a TD e o IDH influenciaram no processo de identificação e desenvolvimento de jogadores para a Série C de acordo com suas posições. Observando-se a importância de pequenas-médias cidades e da qualidade de vida, representada pelo alto IDH, para o processo. |