Resumo |
Introdução: Os benefícios da integração entre o ensino e o serviço estão postulados de forma substancial na literatura. Entretanto, não podem ser alcançados com significância se não houver abertura e compromisso de ambas as partes. Sabe-se que profissionais de saúde podem apresentar resistência em acolher discentes, pelo temor de ter suas fragilidades expostas e pela necessidade de abertura a mudanças nas práticas em saúde, entre outros. No entanto, esse processo pode ser muito produtivo e compensador. Objetivos: Relatar uma experiência de integração ensino-serviço no contexto do Estágio Curricular em Enfermagem em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF). Descrição das principais ações: O estudante do nono período do curso de Enfermagem foi acolhido pela equipe de saúde entre novembro de 2021 e março de 2022. Previamente, a interação entre o ensino e o serviço se processou a nível superior, entre os coordenadores do Estágio e o Secretário Municipal de Saúde. Nesse percurso, o discente participou ativamente de diversas ações multiprofissionais realizadas pela equipe, como visitas domiciliares, discussão de casos, encaminhamentos à atenção terciária, organização interna do serviço e reuniões de equipe. Quanto às práticas específicas, a enfermeira buscou conhecer o discente, oferecer confiança e incentivá-lo a executar o máximo de atividades de Enfermagem, em prol do desenvolvimento de sua autonomia, autoconfiança e capacidade técnica. Por sua vez, o estudante transmitiu aos profissionais conhecimentos científicos atualizados e pôde aprender com eles sobre o manejo de situações complexas transcorridas no cotidiano do serviço que ultrapassam os limites do ensino promovido no contexto acadêmico. Resultados alcançados: O discente contribuiu substancialmente na execução de atividades desenvolvidas na ESF pelos profissionais, que se encontravam sobrecarregados. A possibilidade de partilhar e repensar funções a partir de ideias emergidas no decorrer de diálogos entre o discente e os profissionais foi outra grande contribuição. Para a gestão, o vínculo também foi benéfico: o estudante, aproximando-se da realidade de “ser líder em saúde”, trouxe propostas que resultaram na construção de fluxogramas, modificação de processos de trabalho na ESF, auxílio no gerenciamento de ações de enfrentamento à Covid-19, além de ter atualizado o Diagnóstico Situacional da unidade e contribuído para melhoria de indicadores em saúde. Nesse processo, o discente teve oportunidades de qualificar suas práticas, revisitar conhecimentos técnicos e alcançar novos saberes a partir das vivências proporcionadas pelo estágio. Conclusão: Incentiva-se que enfermeiros aceitem o desafio de acolher estagiários com real disposição, bem como que estudantes sejam estimulados por suas instituições formadoras a aceitarem as propostas e desafios advindos do estágio, em face do quão enriquecedora pode ser essa experiência. |