Resumo |
A pandemia de Covid-19 se consolidou no Brasil no ano de 2020. Desde então, ela tem causado inúmeras implicações sociais, econômicas e políticas. Por conseguinte, a educação e as escolas tiveram que buscar novas formas para a continuidade do ensino. No estado de Minas Gerais a inserção das redes públicas estaduais no ensino remoto foi a alternativa encontrada para dar continuidade às atividades voltadas ao ensino. A adaptação para esse formato de aulas trouxe para docentes uma série de novos desafios cotidianos, dentre eles uma ampliação da sobrecarga de trabalho. Todavia, as mulheres foram um dos grupos mais atingidos durante esse contexto, dado ao fato de serem expostas a uma divisão sexual do trabalho injusta. Por isso, o tema dessa pesquisa é “as implicações do gênero na saúde mental de professoras/es no ensino remoto durante a pandemia de Covid-19 na rede estadual do município de Viçosa, Minas Gerais”. O problema é motivado pela necessidade de entender se professoras e professores foram acometidas por problemas de saúde mental e se há distinções de gênero. Os objetivos da pesquisa incluem identificar as condições de trabalho de professoras/es da rede estadual do município de Viçosa durante a vigência do ensino remoto na pandemia de Covid-19; analisar as questões referentes aos sofrimentos psíquicos em professoras/es; entender a relação entre relações de gênero, sofrimentos psíquicos e a pandemia do novo coronavírus nestas/es educadoras/es. A metodologia que orienta esse trabalho é baseada na abordagem quanti-qualitativa com uso de formulários online para a obtenção do levantamento de dados. Em relação aos resultados, destaca-se que independente de gênero, o estado psicológico das/dos participantes interferiu na realização do trabalho docente, que experienciaram ansiedade, medo extremo, irritabilidade, sensação de estar no limite, desmotivação, angústia e esgotamento mental. As questões de desigualdade de gênero foram evidenciadas nas condições para exercer o trabalho remotamente, já que homens professores já possuíam ferramentas tecnológicas e conhecimento sobre sua aplicação, enquanto mulheres professoras precisaram adquirir ferramentas e passar por um processo formativo para utilizá-las. As jornadas de trabalho também eram maiores para as professoras, já que elas também eram responsáveis pelo trabalho do cuidado. Ainda que os sofrimentos psíquicos sejam identificados em todos os participantes, a diferença de gênero nas condições de trabalho se tornam um fator relevante na análise dos dados, já que pode condicionar uma sobrecarga psíquica em professoras, afetando o exercício docente. Conclui-se que as discussões de gênero na academia, no campo da educação e na área de saúde mental fomentam o levantamento de dados acerca dos sintomas atrelados aos sofrimentos psíquicos de professoras e professores, bem como a estruturação de formas de acompanhamento da qualidade de vida das/os profissionais da educação, principalmente em contextos de crise. |