Resumo |
A conservação no Brasil possui como um dos grandes desafios a fragmentação de habitats, sendo causada principalmente pela ação antrópica e causando, dentre outros impactos, redução da diversidade e riqueza de espécies. O bioma abrange cerca de 15% de todo o território nacional, entretanto, devido ao seu alto grau de degradação sofrido, apenas 13% de sua vegetação original persiste até os dias atuais. Entre as espécies ameaçadas que habitam este bioma, está o Callithrix aurita, mais conhecido como sagui-da-serra-escuro. Sendo assim, pesquisas relacionadas com a recuperação de áreas degradadas de regiões nas quais esses primatas habitam, são importantes para a conservação da espécie. Uma dessas regiões de hábitats do Aurita é Viçosa-MG, a qual possui sua área rural majoritariamente ocupada por pequenas propriedades e uma intensa fragmentação florestal. Ademais, essa região também está ocupada por outras espécies do gênero Callithrix, trazidos de outras regiões do Brasil, principalmente devido ao tráfico de animais silvestres. Essas espécies alóctones são responsáveis por causar a hibridação entre saguis, causando uma perda da espécie pura. Sendo assim, deve-se escolher locais distantes de fragmentos que possuam saguis híbridos para realizar a recuperação ambiental e refaunação com Aurita. Assim, foi realizado a partir do Sistema de informações geográficas (SIG) a classificação de uso e cobertura do solo de Viçosa-MG em sete classes: áreas urbanas, agricultura, corpos hídricos, floresta nativa, floresta plantada, pastagem e solo exposto. Além disso, foram utilizados dados de fragmentos habitados por híbridos. Feito isso, foram selecionadas áreas distantes 3 km de onde há saguis híbridos e, nessas áreas, foram selecionados fragmentos florestais maiores ou iguais a 11 ha, que é considerada a menor área de vida presente na literatura para o Aurita. Como resultado, obteve-se oito fragmentos florestais distante de híbridos e passíveis de receber indivíduos da espécie pretendida. Para analisar a área a ser recuperada dessas matas nativas, foi considerado um buffer de 300m, como distância que os saguis potencialmente percorreriam em matriz não-florestal. Neste buffer, foi levado em consideração, como área passível de recuperação, aquelas classificadas como pastagem e solo exposto. Ainda, foi inserido na classificação em ambiente SIG, as áreas de preservação permanente, às quais pela Lei 12.651/2012, devem ser preservadas com mata nativa. Sabendo disso, realizou-se a sobreposição da camada de uso e cobertura do solo com a camada de APP. Ainda como resultado, obteve-se que nas áreas de 300 m ao redor dos fragmentos houve predominância de pastagens, 516 ha, e solo exposto, 87,8 ha, representando 73,3% e 12,5% respectivamente. Além disso, 73,8 ha das APP's analisadas se apresentam ocupadas por outros usos que não seja mata nativa, caracterizando um passivo de recuperação florestal de mais de 90% dessas áreas. |