Outros membros |
Anaïs de Castro Benitez, Felipe Sperandio de Mattos, Giulia Ornellas Fuzaro Scaléa, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, Luiza Pinheiro Andrade, Marlon Patrício Santos, Vanessa Lopes de Souza, Victória Kanadani Campos Poltronieri |
Resumo |
A fotossensibilização secundária em bovinos é decorrente de lesões hepáticas que afetam a capacidade dos canalículos biliares em eliminar a filoeritrina, um pigmento fotodinâmico oriundo do metabolismo da clorofila pela microbiota ruminal. Ao acumular na corrente sanguínea a filoeritrina é ativada pelos raios solares que atravessam a pele, desprendendo sua energia na forma de calor, causando queimaduras nos tecidos ao redor, levando o animal a grande sofrimento, perda de peso, redução na produção e até morte, com grandes prejuízos ao criador. O presente trabalho objetiva relatar um caso de intensa dermatite por fotossensibilização secundária em uma vaca nelore, em sistema extensivo de criação em pastagem de Brachiaria decunbens e pertencente a um rebanho localizado no município de Viçosa-MG. O atendimento foi realizado a campo e, segundo o proprietário, na semana anterior ao atendimento, durante o manejo reprodutivo normal do rebanho, foi observado que uma vaca apresentava intensas feridas na pele e também foi diagnosticada a morte fetal de uma gestação de 4 meses. Esta vaca havia sido trazida no mês anterior, vinda de um lote onde a alimentação era predominantemente de pastagens de braquiária, além de água e sal mineral ad libitum. Ao exame clínico foram identificadas lesões cutâneas profundas e generalizadas, áreas de crostas e fissuras por todo o corpo. As regiões do flanco, laterais e períneo estavam mais afetadas, apresentado lesões ulceradas e miíase perivulvar. Os pavilhões auditivos estavam muito endurecidos. Não foi verificada icterícia nas mucosas ocular e vulvar neste momento. À palpação transretal do sistema reprodutivo, foram encontrados restos placentários, os quais foram expelidos por massagem. Suspeitou-se de dermatite por fotossensibilização secundária a lesões hepáticas, que foi confirmada por exames laboratoriais que revelaram as seguintes alterações características de lesões nos canalículos biliares: GGT (737 UI/L), bilirrubina direta (1,04 mg/dL), bilirrubina indireta (0,71 mg/dL) e Fosfatase Alcalina (1295 UI/L), além de AST (396 UI/L) e também de leucocitose de 17800 células/µl com desvio a esquerda de 1% devido ao intenso processo inflamatório na pele e no útero. O tratamento recomendado nestes casos é retirar o animal da pastagem contaminada, evitar exposição solar, limpar as feridas e promover hidratação e proteção da pele com pomadas à base de zinco e vitamina A, além de antibioticoterapia para combater infecções secundárias e antiinflamatórios para combater a dor. Porém, alegando inviabilidade deste manejo na propriedade e custos do tratamento, o proprietário optou pelo descarte do animal. No Brasil, sendo um país tropical e com grandes áreas de pastagens de brachiaria, pode ser esperado um grande número de bovinos sendo acometidos pela fotossensibilização secundária. Dessa forma, o técnico deve estar atento para promover os cuidados necessários assim que se iniciarem os sinais clínicos no primeiro animal acometido. |