Resumo |
A produção de conhecimentos sobre a planta Cannabis sativa L. vem sendo obstaculizada em razão do paradigma proibicionista que interdita não só seu consumo e o comércio, mas a posse e cultivo para quaisquer fins. Ainda que a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) já tenha regulamentado alguns medicamentos à base de canabinóides, o seu acesso em no Brasil permanece restrito. A proibição, portanto, se configura como empecilho para a produção acadêmica e medicinal relacionada à planta, assim como a divulgação científica sobre o tema. A urgência em se pensar e produzir conteúdos sobre tais questões se encontra no fato de que a discussão acerca de cannabis em grande parte do território nacional carrega consigo uma forte influência proibicionista, que legitima e normaliza práticas institucionais de violência e impede à democratização de um conhecimento técnico e prático sobre a cannabis/maconha. A pesquisa desenvolvida entre o período de setembro de 2021 e agosto de 2022, em parceria com a startup ADWA Cannabis, tem como objetivo a produção de materiais analíticos sobre as pesquisas com/sobre cannabis na Universidade Federal de Viçosa, buscando analisar também os impasses políticos, científicos e sociais que os estudos sobre tal tema podem trazer. Foram utilizadas metodologias qualitativas, incluindo a realização de entrevistas semi-estruturadas e o desenvolvimento de material midiático para divulgação científica. Como resultados parciais, pode-se observar que a produção de conhecimentos sobre a planta está permeada pelo paradigma proibicionista, e a seleção de temas e abordagens vinculadas à área da saúde visa construir uma legitimidade para as atividades científicas relacionadas à planta. Para a produção de materiais de divulgação científica definimos dois tópicos fundamentais que se situam em consonância com a área de atuação das Ciências Sociais, quais sejam, Proibicionismo (enquanto paradigma de proibição e repressão ao uso, consumo e posse de substância proibidas) e Reforma Legislativa (conjunto de projetos de lei em diferentes níveis federativos visando regulamentar usos diversos da planta). Espera-se que os materiais produzidos para divulgação científica contribuam para derrubar estigmas produzidos pelo paradigma proibicionista e que promovam um ambiente mais propício à realização de pesquisas sobre a planta em diversos campos do saber. |