Resumo |
Os efluentes gerados em suinoculturas são caracterizados pelo elevado potencial poluidor. Dentre os processos de tratamento empregados em suinoculturas destaca-se a digestão anaeróbia (D.A), especialmente pelo emprego de biodigestores lagoa coberta (BLC). O biogás é um subproduto gerado e seu aproveitamento pode ocorrer pela recuperação de energia térmica e elétrica. O objetivo do estudo foi avaliar a eficiência global do sistema de tratamento de efluentes de uma suinocultura (STES) e realizar um estudo de autossuficiência energética da unidade. A granja está localizada no campus UFV. O STES é composto por caixa de areia, BLC, lagoa aerada e decantador. O lodo removido é encaminhado para leitos de secagem, o biogás gerado é queimado em flare e o efluente tratado lançado no rio. O monitoramento do STES ocorreu semanalmente no período de abril/22 a junho/22 (7 campanhas amostrais), foram determinados a vazão de efluente, o consumo de energia elétrica, assim como a qualidade físico-química dos efluentes. O afluente e o efluente do STES foram caracterizados em termos pH, alcalinidade (AT), demanda química de oxigênio (DQO), fósforo total (PT), nitrogênio total Kjeldahl (NTK), sólidos totais (ST) e sólidos totais voláteis (STV) de acordo com o Standard Methods (APHA, 2017), com exceção da alcalinidade, caracterizada através do método de Ripley (1983). As análises foram realizadas no Laboratório de Qualidade Ambiental do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV. A produção de metano (CH4) no BLC foi estimada segundo Chen-Hashimoto (Chen, 1983) e a composição do biogás obtida em um analisador de gás (Gasboard-3100). Os resultados indicaram uma vazão média no STES igual a 16,7 m3.d-1, e um consumo de energia elétrica igual a 17 kWh.d-1. No período, o efluente apresentou resultados médios de pH (7,24), AT (1.702,14 mg.L-1), DQO (11.705,00 mg.L-1), PT (144,00 mg.L-1), NTK (827,60 mg.L-1), ST (8.593,57 mg.L-1) e STV (6.356,43 mg.L-1). O sistema obteve elevada remoção para os parâmetros avaliados, com eficiência média de 79,3%, 29,9%, 24,8%, 51,9% e 60,6% para DQO, PT, NTK, ST e STV, respectivamente. A produção média de biogás estimada foi de 24,2 m3.d-1, com composição de 63,5% de CH4 (QCH4 = 15,3 m3.h-1). O motogerador com menor capacidade para produção de eletricidade a partir do biogás é de 14 m3CH4.h-1, avalia-se que diante da oscilação natural da produção de biogás não é recomendado o aproveitamento para este fim. Portanto, sugere-se que o biogás possa ser recuperado para geração de energia térmica, aquecendo o efluente na entrada no BLC. Han (2016), reporta que o aquecimento do efluente pode aumentar a produção de biogás pelo BLC, através do calor gerado pela queima do biogás. Como conclusão, aponta-se a relevância no monitoramento constante dos BLC, na caracterização quantitativa e qualitativa do biogás, a fim da melhor compreensão das potencialidades para o fornecimento de energia complementar à granja, seja na forma térmica e/ou elétrica. |