Resumo |
A persistência do arco aórtico direito (PAAD) é uma mal formação congênita dos grandes vasos e seus ramos, resultante da embriogênese anormal dos arcos aórticos, e ocasiona a compressão extraluminal esofágica e megaesôfago secundário. O animal apresenta quadro de regurgitação ao desmame, sendo este o principal sinal clínico observado, além de emagrecimento, baixa condição corporal e pneumonia por aspiração. O diagnóstico inclui anamnese, histórico, exame físico e radiografias torácicas simples e contrastada. Os achados radiográficos comumente encontrados são constrição esofágica próxima à base cardíaca e consequente dilatação cranial. O tratamento recomendado para a PAAD é a correção cirúrgica, por toracotomia intercostal ou toracoscopia. A cirurgia promove melhora do prognóstico dos pacientes, com taxa de sobrevivência variando entre 80% e 94%. Manejo alimentar e hídrico devem ser associados, baseando-se no fornecimento de pequenas refeições semissólidas ou líquidas com o animal em posição bipedal. Objetiva-se relatar o caso de um paciente canino, macho, não castrado, da raça American Pitbull, de 4 meses de idade, que foi atendido com queixa de regurgitação após ingestão de alimentos sólidos e líquidos. Ao exame físico, o cão apresentava desidratação estimada em 7% e caquexia avançada. Radiografias simples e contrastada (esofagograma, utilizando contraste a base de sulfato de bário) de região cervical realizadas evidenciaram dilatação do lúmen esofágico até a região de base cardíaca, com estreitamento no local. Diante da suspeita de megaesôfago secundário a anomalia do anel vascular, o paciente foi encaminhado para procedimento cirúrgico de correção de persistência de arco aórtico direito. Realizou-se toracotomia no 4º espaço intercostal, localização e isolamento do nervo vago, incisão do mediastino e, após identificação das artérias aorta, pulmonar e esôfago torácico, o ligamento arterioso foi identificado, ligado duplamente com fio poliéster 2 e transeccionado. Na ausência de qualquer sangramento, toracorrafia foi realizada e a pressão negativa intratorácica foi reestabelecida. No período pós-cirúrgico, foi feita a prescrição de terapia antimicrobiana, antiinflamatória e analgésica e manejo alimentar e hídrico por meio de administração de pequenas quantidades de alimento líquido e pastoso, diversas vezes ao dia. Após 11 dias de pós-operatório, o paciente apresentou apenas dois episódios de regurgitação, porém não obteve ganho de peso. Dessa forma, foi feita a modificação dietética, incluindo a alimentação natural no lugar dos patês comerciais anteriormente prescritos, com incremento da quantidade e frequência prescritas. O tratamento cirúrgico para correção de PAAD é recomendado de forma precoce para evitar perda de motilidade esofágica e irreversibilidade do megaesôfago. Portanto, ressalta-se a importância do diagnóstico e tratamento cirúrgico associados a cuidados clínicos e nutricionais para melhorar o prognóstico de pacientes com PAAD. |