Resumo |
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a população brasileira residente na zona rural corresponde a 15,28%. Avaliando a idade do agricultor, há maior prevalência das faixas etárias de adultos acima de 45 anos e idosos (≥60 anos). O envelhecimento rural é uma realidade, e mesmo que esteja ocorrendo em algumas regiões o “retorno” da população para zona rural, isso não é algo generalizado no campo. A partir desta problemática este trabalho teve por objetivo discutir a relação entre envelhecimento rural e insegurança alimentar e nutricional. O estudo consistiu em uma revisão narrativa, utilizando as bases de dados Pubmed, Scielo e Google acadêmico. Os termos de busca foram: idoso OR envelhecimento AND rural OR agricultor familiar AND insegurança alimentar. Como resultados, as discussões embasadas na literatura trazem que o processo de êxodo rural é seletivo porque envolve questões como idade, sexo e escolaridade. Os jovens tendem a ser mais propensos a este processo migratório. A criação de estratégias de incentivo ao agricultor(a) familiar, fortalecendo sua permanência no campo, deve ser um caminho na organização de políticas públicas de alimentação, nutrição e saúde. Isso porque, a produção de alimentos no Brasil é prioritariamente advinda deste molde agrícola. Com o processo de saída da população da zona rural, pode ocorrer perda e mesmo homogeneização de práticas de cultivo e culturas, diminuindo a diversidade alimentar e impactando no fornecimento de uma alimentação mais saudável. Dessa forma, compromete a situação de segurança alimentar e nutricional, tanto dos agricultores produtores, por não terem mais a terra para cultivo de alimentos ao saírem do meio rural; quanto da população geral que pode sofrer com a redução da diversidade dos alimentos e aumento do preço dos mesmos. A organização deste molde se reproduz socialmente através de processos como o de sucessão, herança e aposentadoria. Criar meios que favoreçam a escolha pela permanência no campo, é uma das alternativas a serem organizadas nas ações públicas. O acesso a serviços de saúde é um destas opções de ação, uma vez que, a população rural fica, a margem das estratégias de saúde. Outra alternativa é o incentivo à produção de alimentos, fortalecendo sua relação com o campo por meio de créditos rurais; oferta de apoio técnico, para melhorias da produção; estímulo à comercialização, inclusive para instituições públicas. Ainda, reforça-se a necessidade de fortalecimento dos programas e ações promotores de segurança alimentar e nutricional como, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos, atual Programa Alimenta Brasil, e outros. Portanto, essa mudança etária no campo pode levar a redução da produção, diversidade de alimentos e aumento nos preços, gerando insegurança alimentar e nutricional tanto para os agricultores familiares que tem sua produção comprometida, como para a população (Agradecimentos: FAPEMIG,CNPq e CAPES). |