Resumo |
Introdução: a obesidade e o sobrepeso representam um problema de saúde pública mundial e consistem em fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. O vasto consumo de alimentos utraprocessados tem sido reportado como um dos fatores mais importantes relacionados à gênese do sobrepeso e da obesidade. Objetivo: Analisar a associação entre o consumo alimentar segundo o grau de processamento e a obesidade. Material e Métodos: estudo quantitativo transversal em andamento cuja coleta de dados está sendo realizada com a aplicação de um questionário sobre estilo de vida, dados sociodemográficos e clínicos, morbidade referida individual e familiar, uso de medicamentos e consumo alimentar, aferido com o escore NOVA. As análises estatísticas foram realizadas no programa Stata/SE 13 for Windows a um nível de significância de 5%. As análises preliminares foram feitas utilizando-se frequência absoluta e relativa para variáveis categóricas, e teste qui-quadrado para verificar a diferença entre a ocorrência de exposição e desfecho entre homens e mulheres. Modelos de regressão de Poisson ajustados por potenciais fatores de confusão foram utilizados para estimar a razão de prevalência. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa. Resultados: foram avaliados 187 participantes, sendo 114 (61%) mulheres e 73 (39%) homens; a maioria relatou ser casado (54%), cor da pele preta ou parda (71%), inativo ou insuficientemente ativo fisicamente (92%), não tabagista (54%) nem etilista (78%), assistir em média de 1 a 6 horas de televisão por dia (75%) e possuir renda familiar em média de dois salários mínimos. Os participantes tinham diabetes (87%), hipertensão arterial (92%), hipercolesterolemia (98%), hipertrigliceridemia (17%) e obesidade grau II ou III (17%). Em relação ao consumo alimentar, a maioria (70%) relatou ter ingerido alimentos in natura ou minimamente processados no dia anterior à entrevista, tendo sido menor nesse dia o consumo de cinco ou mais alimentos ultraprocessados (6%). A ingestão de frutas foi maior entre as mulheres (64%) e não houve diferença entre homens e mulheres quanto ao consumo de hortaliças, de feijão/leguminosas, de alimentos ultraprocessados e da ocorrência de obesidade grau II e III. O consumo de cinco ou mais alimentos ultraprocessados tendeu a ser mais provável entre as pessoas com obesidade grau I e III. O consumo de alimentos ultraprocessados esteve associado à presença de obesidade grau II (RP = 3,28; IC 95% = 1.05 -10,3; p = 0.041). Conclusão: O consumo de alimentos utraprocessados foi maior em pacientes com obesidade grau II e III. |