Resumo |
A displasia renal é uma doença congênita atribuída a embriogênese desorganizada do parênquima renal associada à problemas na sua diferenciação. Estão envolvidos, nessa condição, o botão ureteral e o blastema metanéfrico, que devem diferenciar-se de maneira conjunta para a formação do túbulo metanéfrico e, após isso, os rins. No período fetal, o botão ureteral se invagina no blastema metanéfrico para dar origem ao ureter, pelve, cálice e túbulos coletores. Já o blastema é associado com a formação da cápsula e do interstício renal. Com relação aos néfrons, estes são formados de maneira conjunta e sua disposição no interstício é guiada pelos túbulos coletores. Dessa maneira, interações inadequadas entre o blastema metanéfrico e o botão ureteral levam ao quadro de displasia renal. Os animais acometidos podem apresentar displasia unilateral ou bilateral e em diferentes graus de severidades: discreto, moderado e intenso, o que define o período de sobrevida dos indivíduos. Nesses animais, os achados microscópicos comuns são a presença glomérulos e túbulos imaturos, assim como uma matriz mesenquimal primitiva. Na macroscopia, observa-se rim reduzido, firme e de aspecto irregular, e no caso de unilateralidade, o rim adjacente pode se apresentar hipertrófico, por compensação. Embora haja o entendimento da patogênese, as causas relacionadas a displasia renal ainda não foram bem elucidadas, porém a relação hereditária foi observada em cães das raças Shih Tzu, Terrier e Boxer. Este relato refere-se a um cão, macho, de 1 ano, da zona rural de Viçosa, que apresentou morte repentina na propriedade, não sendo observados sinais clínicos pelo proprietário além de caquexia, e logo após a morte foi levado para necropsia no Setor de Patologia Veterinária da UFV. A literatura descreve alguns sinais clínicos comuns aos animais afetados, sendo, polidipsia, poliúria, letargia, caquexia, anemia arregenerativa todos compatíveis com um quadro de insuficiência renal. No presente relato, foi observado à ectoscopia o escore do animal apresentava-se baixo (2, numa escala de 1 a 5) e mucosas estavam hipocoradas. Após a incisão e abertura da cavidade abdominal, contudo, havia moderado acúmulo de gordura visceral, especialmente na porção mesentérica e peri-renal. A avaliação dos rins foi condizente com a literatura acerca da displasia renal bilateral, diminuído de tamanho e irregular. Além disso, na microscopia foram observadas características de má formação do parênquima renal, bem como a presença de formações císticas preenchidas por líquido amorfo. Os tufos glomerulares apresentavam-se diminuídos e sem diferenciação completa (glomérulo primitivo), envoltos por uma cápsula de tecido conjuntivo que estava preenchida por líquido. Os achados macro e microscópicos corroboram com as características morfológicas que permitem o diagnóstico de displasia renal. |