Resumo |
As gramíneas forrageiras tropicais apresentam ampla distribuição nos biomas brasileiros, sendo de forma cultivada ou como invasoras. As plantas C4 mesmo sendo mais eficientes no uso da água e com maior capacidade de concentração de CO2 do que as plantas C3, também são afetadas por fatores abióticos como a restrição hídrica, principalmente em solos ácidos comumente degradados. Nesse contexto, surge a necessidade de se conhecer os mecanismos das espécies de gramíneas forrageiras com melhores respostas aos estresses decorrentes das mudanças climáticas, visando a produção de um alimento de qualidade para os animais, acessível ao produtor e com menores índices de degradação a campo. Dessa forma, este experimento tem como objetivo avaliar as respostas fotossintéticas e ajustes morfológicos em quatro espécies de gramíneas C4 (Andropogon gayanus, Urochloa brizantha, Urochloa decumbens, e Megathyrsus maximus) submetidas ao déficit hídrico e à acidez do solo. O experimento foi realizado em casa de vegetação na UFV, Campus Florestal, MG. O solo utilizado foi um argissolo submetido à incubação com calcário e sulfato de amônio, que conferiu os pHs 5 e 6,9 e a adubação com superfosfato simples e ureia, em delineamento experimental em blocos casualizados, com esquema fatorial 2x2, com cinco repetições. Após o semeio e estabelecimento das plantas foi realizado o desbaste, deixando duas plantas por vaso. Quando 70 % do solo estava coberto pela parte área das plantas foi realizada a poda de uniformização, seguida da primeira poda, quando atingiram as alturas de interesse. O déficit hídrico foi aplicado após a rebrota. As trocas gasosas apresentaram menores valores para A. gayanus, U. brizantha e U. decumbens no tratamento com déficit hídrico associado a pH ácido. Para M. Maximus isso ocorreu independente do pH. Após a reidratação somente as plantas sob déficit hídrico em pH alcalinizado se recuperaram, com exceção da U. brizantha que também se recuperou em solo com pH ácido. As clorofilas, o potencial hídrico foliar e o teor relativo de água foi menor em plantas sob déficit hídrico e pH ácido. O extravasamento de eletrólitos em U. brizantha e U. decumbens foi maior sob déficit hídrico associado a pH ácido, em pH alcalinizado para A. gayanus e apenas em resposta ao déficit hídrico para M. maximus. A fluorescência inicial diferenciou do controle apenas na U. brizantha. As menores eficiências quânticas máximas do fotossistema II ocorreram nos tratamentos controle com pH ácido e déficit hídrico associado a pH alcalinizado para A. gayanus e déficit hídrico com pH ácido para U. decumbens. A porcentagem de proteína nas folhas de U. brizantha e U. decumbens foi maior nos tratamentos com déficit hídrico em pH ácido e independente do pH para as demais espécies. O déficit hídrico resultou em menor biomassa de todas as espécies. Portanto, A. gayanus e U. brizantha tiveram o pior e melhor desempenho fotossintético no déficit hídrico associado ao pH ácido, respectivamente. |