“Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e 96 anos de contribuição da UFV”.

8 a 10 de novembro de 2022

Trabalho 17527

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Comunicação
Setor Departamento de Comunicação Social
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Abraão Filipe Marques de Oliveira
Orientador RENNAN LANNA MARTINS MAFRA
Outros membros Maria Fernanda de Oliveira Ruas
Título Infância, estéticas da diferença e midiatização: po(est)éticas em torno do caso da criança de São Mateus
Resumo Na presente pesquisa, nosso esforço foi compreender fenômenos que ocorreram durante a pandemia da Covid-19 e revelaram modos pelos quais diferenças emergem na contemporaneidade e, no mesmo lance, o constitui. Assim, o objetivo geral foi investigar estéticas que desafiaram a presença de questões ligadas a diferenças às quais a pandemia fez emergir, com foco em contextos midiatizados. Nesse cenário, tomamos, como quadro empírico, a midiatização do caso da criança de dez anos, moradora de São Mateus, no Espírito Santo, estuprada desde os seis anos e engravidada pelo tio. Apesar de autorizado pela Justiça, o acesso dela ao procedimento para interromper a gestação foi dificultado, forçando seu deslocamento até Recife. Tal acontecimento, que ganhou a midiatização em agosto de 2020, foi atravessado por muitas contradições, que, de modo específico, nos levaram a analisar as tensões em disputa, a partir da emergência dessa diferença: a existência da menina (sua vida, seu corpo violentado), em seu direito ao aborto legal. Como marco teórico, trabalhamos com as noções de aparência (Arendt, 2007) e latência (Gumbrecht, 2014) para compreender a (não) emergência da diferença nos contextos afetados pelo projeto moderno, articulando como, nas sociedades modernas, se constrói uma noção de infância diretamente marcada pela ideologia do progresso (Marques; Mafra, 2019), para, por fim, percebermos a midiatização, como um fenômeno de captura, capaz de vulnerabilizar existências. A metodologia da pesquisa foi baseada: (1) na proposta “po-ética feminista negra”, tal como desenvolve Silva (2019); (2) no paradigma ético-estético-político-existencial intuitivo proposto por Gumbrecht (2010, 2016); (3) e na abordagem afetiva elucidada por Moriceau (2019). Esse conjunto de repertórios nos levaram ao procedimento metodológico qualitativo que estamos chamando de "análise po(est)ética pendular" — que nos motiva a olhar para esse cenário, entre as materialidades comunicativas que ressoam no campo de pesquisa, em busca de compreender o movimento pendular da midiatização desse caso e como esse movimento em torno da criança evidencia uma infância em disputa. A partir disso, nas análises, identificamos três movimentos: (1) o desejo social pela criminalização severa do tio que estuprou a criança, por uma lógica punitivista; (2) uma preocupação simplista com o futuro do feto, informada pela ideologia do progresso; (3) e a própria expressão do movimento pendular, na lógica da midiatização. Como conclusões, percebeu-se que essas forças (atravessamentos que puxam para um lado e para o outro) revelam a impossibilidade da criança aparecer enquanto diferença nesse contexto, colocando o corpo e a voz da menina em estado de clandestinidade (tornados latentes), nos fluxos informacionais entre o público e o privado, das redes para as ruas, em plena pandemia, vulnerabilizando a existência da criança de São Mateus.
Palavras-chave midiatização, estéticas da diferença, infância
Forma de apresentação..... Vídeo
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