“Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e 96 anos de contribuição da UFV”.

8 a 10 de novembro de 2022

Trabalho 17478

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática História
Setor Departamento de Educação
Bolsa FAPEMIG
Conclusão de bolsa Sim
Apoio financeiro FAPEMIG
Primeiro autor Pedro de Oliveira Milagres
Orientador ANDERSON DA CUNHA BAIA
Título A higiene na construção da Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa: limpeza e instrução dos operários rurais (1921-1927)
Resumo O Higienismo foi um movimento médico-científico que circulou no Brasil entre meados do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Seus agentes difundiram um conjunto de saberes e práticas higiênicos, assim como preceitos moralizantes sobre hábitos e costumes corporais. Em finais da década de 1910, esses pressupostos higienistas tomaram como enfoque os espaços rurais e interioranos brasileiros, encontrando espaço para sua difusão nas instituições de ensino. A Escola Superior de Agricultura e Veterinária de Viçosa (ESAV), criada em 1921, foi construída em meio ao avanço dos pressupostos higienistas pelo interior do país, concentrando entre o seu operariado um dos públicos alvo dos agentes higienistas. Tendo em vista esse cenário, tomou-se como objetivo analisar a presença de saberes e práticas higienistas na construção da ESAV, entre os anos de 1921 a 1927. Metodologicamente, utilizou-se da operação historiográfica de Certeau (2015), que consiste nos gestos de separar, de reunir e de produzir documentos a partir dos registros históricos. Para isso, foi feito o uso de registros institucionais conservados pelo Arquivo Central Histórico da UFV e pela University of Florida Digital Collections. Identificou-se que a partir da chegada de Belo Lisboa na construção da ESAV e da sua locação no cargo de engenheiro-chefe, foi dado destaque para as condições sociais e higiênicas dos operários rurais. A pedido do engenheiro, em 1922, foi instituído um exame médico obrigatório de todos os trabalhadores, que acusou resultado de 100% de infectados por verminoses e outras doenças, além de identificado uma taxa de 92% de analfabetismo entre estes. Em função disso, foi criada a Caixa Beneficente para custear os gastos com saúde e educação permanente dos operários e de seus familiares, e, semanalmente, realizada a instrução moral e higiênica. Parte dos recursos mobilizados foram utilizados na contratação de dois médicos que realizaram o exame compulsório para verminose e medicalização de todos os operários. Além disso, para a instrução higiênica, foram feitas preleções por Belo Lisboa que estavam alinhadas aos debates dos higienistas, tematizando o combate ao álcool, os males causados pelos jogos, a “desgraça da sífilis”, o amor à pátria, dentre outros. As experiências de limpeza e educação instituídas com os operários de construção foram divulgadas pela Escola por meio de circulares e conferências, chegando a ser veiculada por Belo Lisboa na IV Conferência Nacional de Educação, em 1931, no Rio de Janeiro. Assim sendo, considera-se que a presença de saberes e práticas higienistas na construção da ESAV foi possibilitada a partir da chegada de Belo Lisboa. O engenheiro incentivou a incorporação preceitos higienistas junto aos interesses institucionais, dando início à composição de um repertório educativo que visava a formar novos sujeitos rurais pela higiene.
Palavras-chave ESAV, Higienismo, Campo
Forma de apresentação..... Vídeo
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