Resumo |
Introdução: A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa crônica, de notificação compulsória no Brasil, causada pelo Mycobaterium leprae.A doença manifesta-se de forma lenta, inicialmente com lesões cutâneas associadas a alterações de sensibilidade. Quando o nervo é afetado, pode haver paresias, paralisias, diminuição de força, retrações tendíneas. É dividida em dois pólos estáveis e opostos (Virchowiano e Tuberculóide), porém alguns pacientes apresentam uma manifestação intermediária, sendo denominada Dimorfa. O diagnóstico é clínico, podendo ser confirmado através do estudo histológico do tecido e da baciloscopia. Objetivo: Relatar um caso de Hanseníase, sinalizando os achados clínicos e semióticos da forma dimorfa da doença, a fim de reforçar seu polimorfismo clínico, bem como a importância do diagnóstico e tratamento precoces, de modo a reduzir a ocorrência de incapacidades permanentes causadas pela patologia. Metodologia: As informações foram obtidas através da coleta e análise do prontuário médico contendo o histórico do paciente com levantamento de problemas, diagnóstico e plano de tratamento, além das entrevistas e exames físicos realizados na Unidade de Atenção Especializada em Saúde (UAES) na cidade de Viçosa/MG, no período de junho de 2021 a maio de 2022. Resultado: Relato de Caso: J.J.P., masculino, 73 anos, morador de Canaã/MG, apresentou quadro de parestesia em mãos e pés há 3 anos, evoluindo com placas eritematosas infiltradas disseminadas no tronco e nos membros e edema em mãos e pés há um mês. A perda de sensibilidade nos pés manifestou-se sob a forma de episódio de queimadura dos pés em asfalto. Ao exame físico, apresentava alteração de sensibilidades, térmica, tátil e dolorosa nas lesões nos braços e pernas; espessamento em troncos nervosos ulnar e cutâneo radial, além de úlceras em plantas dos pés, bilateralmente. Diante das manifestações, estabeleceu-se a hipótese diagnóstica de hanseníase. Procedeu-se então com biópsia cutânea das lesões que mostrou macrófagos espumosos e formação de granulomas perineurais sugestivo de hanseníase. A pesquisa de BAAR foi negativa. Foi iniciado tratamento com poliquimioterapia com rifampicina, clofazimina e dapsona para hanseníase dimórfica, esquema ofertado pelo Sistema Único de Saúde. Conclusão: Observa-se que a hanseníase ainda é uma realidade presente na população brasileira, principalmente em áreas rurais. Torna-se necessário o constante esclarecimento dos cidadãos e dos profissionais de saúde a respeito dos sinais e sintomas da doença para realização de diagnóstico precoce a fim de evitar danos em nervos periféricos que, a longo prazo, podem resultar em incapacidades físicas e deformidades. |