Resumo |
O Brasil é o segundo maior produtor de ferro do mundo. Essa alta exploração de minério de ferro pode prejudicar a fauna e a flora liberando metais tóxicos no ambiente e contaminando cadeias alimentares. Dentre esses animais que podem ser contaminados, alguns são espécies chave para o ecossistema como os morcegos. Morcegos possuem distintos hábitos alimentares, e as espécies frugívoras são importantes dispersores de sementes e consequentemente para a manutenção de florestas, principalmente em ecossistemas considerados hotspot, como a Mata Atlântica. Portanto, afim de avaliar possíveis impactos da atividade mineradora em morcegos frugívoros, o objetivo deste estudo foi investigar as alterações histopatológicas nos rins, órgão chave na desintoxicação dos mamíferos. Para isso, foram coletados 9 indivíduos machos e fêmeas não-grávidas da espécie Artibeus lituratus com rede de neblina. O grupo referência foi coletado em uma área com pouca influência antrópica (n=4) e o grupo impactado foi coletado em área de mineração de ferro (n=5), ambos os locais são Mata Atlântica. Os animais foram identificados e eutanasiados. Um rim de cada animal foi coletado, fixado em Karnovsky por 24h e incluído em resina. Após inclusão, os fragmentos de tecido foram cortados em micrótomo histológico, montados em lâminas e corados com Hematoxilina e Eosina (HE). Os cortes obtidos foram fotografados com uso de fotomicroscópio. As imagens obtidas foram analisadas por meio de contagem de pontos. Foram contados pontos sobre glomérulos, túbulos renais, vasos sanguíneos e outras eventuais patologias como congestão vascular e infiltrado leucocitário através do software ImageJ. Os dados do grupo controle e impactado foram analisados estatisticamente pelo teste t, com nível de significância 5% (p<0,05). O projeto foi aprovado pela Comissão de Etica no Uso de Animais da UFV, sob processo de número 10/2021. Como resultado, contou-se menos pontos sobre glomérulos e mais pontos sobre infiltrado leucocitário e congestão vascular do grupo impactado em relação ao controle. Isso indica que o menor número de pontos glomérulos encontrado pode estar relacionada com uma atrofia glomerular e consequente ineficiência na excreção dos resíduos corporais, pois os glomérulos são responsáveis pela filtração destes compostos. Além disso, os rins dos morcegos do grupo afetado apresentavam sinais de inflamação tecidual observada pela congestão vascular e infiltrados. Dessa forma, nossos resultados indicam que os morcegos frugívoros da área sob influência de atividades de mineração contém maiores danos histopatológicos quando comparado ao grupo controle. |