Resumo |
Fraturas cominutivas devem ser tratadas por método de osteossíntese visando consolidação secundária, levando à formação de calo ósseo. Dessa forma, a partir da fixação com placas bloqueadas, esses implantes devem suportar 100% da força, sem deformação, que um osso saudável resistiria, devido à impossibilidade de restabelecimento da coluna óssea. Objetivou-se realizar comparação biomecânica entre quatro modelos de placas bloqueadas utilizadas na estabilização de fraturas cominutivas, buscando analisar a resistência de cada modelo em ossos de diferentes densidades. Foram utilizadas quatro configurações de placas bloqueadas ângulo fixo e com sistema 2,7 mm, sendo elas a placa LCP (Locking Compression Plate) sem preenchimento dos orifícios centrais, a placa LCP com preenchimento dos orifícios centrais com bottons, a placa bloqueada em ponte convencional e a placa bloqueada em ponte reforçada, possibilitando a análise de quatro tratamentos diferentes. Para a realização do ensaio, as fraturas foram induzidas de forma experimental, em tíbias e fíbulas obtidas a partir dos cadáveres de 16 cães. Para isso, os pares de tíbias e fíbulas tiveram os tecidos moles previamente removidos, foram submetidos a exame radiográfico e densitometria óssea e foram armazenados envoltos em gaze embebida por solução salina e congelados. Em seguida, os ossos foram subdivididos em 4 grupos de acordo com as suas densidades. As placas foram fixadas na superfície medial de cada tíbia e um segmento de 1cm foi removido em diáfise média, logo abaixo de cada placa. Com os corpos de prova devidamente acoplados, realizou-se teste de falha e flexão mediolateral destrutiva de quatro pontos e o de falha e compressão axial destrutiva. Para cada corpo de prova, foram calculados a rigidez axial e de flexão, a carga de escoamento e a carga máxima e, subsequentemente, foram realizadas análise de variância e análise estatística com o teste de Tukey’s pairwise, possibilitando a interpretação dos resultados. Em ambos os testes notou-se que os modelos de placa em ponte se mostraram mais rígidos que os modelos de placa de compressão bloqueada. Além disso, no teste axial, a carga de escoamento e a carga máxima não obtiveram valor significativamente maior para as placas em ponte em relação às placas de compressão bloqueadas. Observou-se também que a carga de escoamento e a carga máxima foram maiores para a placa em ponte reforçada na análise de flexão, apresentando diferença estatística para os demais tratamentos. Ademais, apesar de certa influência na rigidez, não foram notadas diferenças estatísticas significantes com o uso de bottons ou não nos dois testes. Dessa forma, é possível concluir que as placas em ponte reforçadas constituem o melhor tratamento para fraturas cominutivas de tíbia em cães, tendo em vista que apresentaram melhor rigidez à flexão, melhor limite de escoamento e maior carga máxima. |