Resumo |
O fator capacidade tampão (CT) estima a capacidade de um solo manter a atividade de determinado nutriente na solução do solo. Essa medida relaciona a reserva do nutriente na matriz do solo com a atividade do nutriente na solução do solo. Campos rupestres (CR) são ecossistemas de grande importância biológica em razão da elevada biodiversidade e endemismo. Estes ecossistemas ocorrem sobre solos muito lixiviados, com baixos teores de nutrientes. No estado de Minas Gerais, os CRs ocorrem no Quadrilátero Ferrífero, associados a solos de origem hematítica e quartzítica, com diferenças na reserva de nutrientes em razão das características do material de origem. Este trabalho teve como objetivo estimar o fator CT para P, K, Mg, Fe, Mn, Cu e Zn em solos de campos rupestres. Para tanto, foram selecionadas áreas de campos rupestres em solos desenvolvidos de cangas ferruginosas e de rochas quartzíticas, na Serra da Calçada, Nova Lima, MG. Em cada área foram coletadas, aleatoriamente, 60 amostras de solo, na profundidade de 0-5 cm. Nas amostras devidamente preparadas foram extraídos os teores solúveis (estimativa do fator intensidade - I) e disponíveis (estimativa do fator quantidade - Q) dos nutrientes P, K, Mg, Fe, Mn, Cu e Zn. O extrator utilizado para estimar o fator I foi uma solução de CaCl2 0,01 mol/L. Para estimar o fator Q foram utilizados dois extratores: Mehlich-1 (M1) e Mehlich-3 (M3). A dosagem dos teores dos elementos foi realizada por espectrometria de emissão óptica em plasma indutivamente acoplado (ICP-OES). A partir da relação do fator Q e do fator I foram estimados os valores de CT para os nutrientes nos solos. Os resultados foram resumidos por meio de análise descritiva e análise de componentes principais (ACP). As médias para a CT estimada para os dois solos foram comparadas pelo teste de Wilcoxon (p < 0,05). A análise de ACP mostrou haver correlação entre a CT para Fe e P; Mn e K; e Cu e Mg. A redução do conjunto de dados às duas primeiras componentes principais sumarizou apenas 51,8 % da variância do conjunto de dados (PC1 = 31,4 % + PC2 = 20,4 %). A primeira componente principal indicou diferenças para a CT dos solos em função do extrator utilizado para estimar o valor de Q. Os solos estudados apresentam diferenças entre os materiais de origem (p < 0,05) na CT para todos os nutrientes analisados. Para o mesmo solo, a CT calculada com Q estimado por M1 e M3 também apresenta diferença para todos os nutrientes analisados. Para ambos os solos, M1 estimou maiores valores de CT para Mg, Fe e Cu, e o extrator M3 estimou valores mais elevados para P, K, Zn e Mn. Em ambos os solos e independente do extrator utilizado para estimar o fator Q, Fe e P foram os nutrientes com maior CT. De maneira geral, Cu, Mg e K apresentaram os menores valores de CT em ambos os solos. As diferenças observadas podem ser explicadas em função das reservas de nutrientes na fase sólida dos solos e pelas diferenças na capacidade de extração dos extratores M1 e M3. |