Resumo |
O leite se destaca como um alimento rico em nutrientes, o que o torna ideal para o desenvolvimento de microrganismos, como bactérias deterioradoras. Bactérias formadoras de esporos estão frequentemente associadas aos defeitos tecnológicos de origem microbiológica em leite UHT. No entanto, a detecção desse grupo microbiano no produto final utilizando metodologias convencionais é demorada, o que dificulta a correção do problema industrial em tempo hábil. Por isso, o desenvolvimento de metodologias alternativas e rápidas é indispensável para o sucesso da indústria de laticínios. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a detecção de Bacillus subtilis ATCC 19659, bactéria formadora de esporos, em leite UHT utilizando o sistema para hemocultura. Os experimentos foram realizados com a cultura de B. subtilis ativada em caldo Brain Heart Infusion (BHI) e incubada a 32°C por 24h. A cultura ativa foi padronizada a uma DO de 0,100 a 600 nm, o que equivale a uma população de 107 UFC/mL. Para avaliar a interferência de estabilizantes presentes em leite UHT no tempo de análise, a cultura padronizada foi inoculada em amostras de leite UHT com e sem estabilizantes. As amostras com e sem estabilizantes foram diluídas nas concentrações 1:2, 1:5 e 1:8 (leite:água). Em seguida, essas amostras foram inoculadas com B. subtilis nas concentrações de 101 e 102 UFC/mL. A detecção da bactéria foi realizada no sistema para hemocultura (metodologia alternativa) e a verificação da população bacteriana inoculada foi realizada pela contagem em placas por inoculação em profundidade em ágar BHI. Na segunda etapa do projeto, a suspensão celular de B. subtilis padronizada foi inoculada em amostras de leite UHT com e sem estabilizantes em diferentes concentrações (100 a 104 UFC/mL). A detecção da bactéria inoculada e a verificação da população inoculada foram realizadas pelas mesmas metodologias descritas anteriormente. Os experimentos foram conduzidos em duplicata. A presença de estabilizantes no leite UHT não interferiu na detecção de B. subtilis utilizando a metodologia alternativa. Os resultados da segunda etapa demonstraram que a relação entre o tempo de detecção da metodologia alternativa e a população bacteriana contaminante do leite UHT é linear. As equações das retas que descrevem essa relação para o leite UHT com e sem estabilizante, respectivamente, são: y = -0,0591x + 0,5219 e y = -0,068x + 0,545 onde y é o tempo de detecção em h e x é a população bacteriana inoculada em log10UFC/mL. O tempo de detecção de B. subtilis pela metodologia alternativa foi de, aproximadamente, 14 horas para a menor população bacteriana testada (100 UFC/mL). Esse tempo é muito mais curto que aquele requerido para completar a metodologia convencional para o teste de esterilidade de leite UHT que pode variar de 5 a 10 dias. Portanto, os resultados demonstraram que o sistema para hemocultura é uma metodologia rápida e promissora para análise microbiológica de leite UHT. |