Resumo |
Os estudos de comunidades biológicas, suas interações e os fatores que as estruturam são fundamentais para preencher lacunas do conhecimento no estudo dos ecossistemas. Os ambientes apresentam inúmeros filtros ambientais, que influenciam diretamente a composição da comunidade que os ocupam. Compreender a dinâmica da diversidade local impacta no planejamento de uso do espaço, manejos de conservação, recuperação e restauração dos ambientes estudados. Devido ao fácil manuseio, abundância, distribuição, identificação e aos seus papéis em processos ecossistêmicos, as formigas são amplamente utilizadas como organismos-modelo para investigar distúrbios antrópicos e a influência de gradientes ambientais. A “Hipótese do Tamanho dos Grãos” postula que a rugosidade ambiental, ou o conjunto de fatores que compõem o nicho, estão relacionados aos padrões corporais de animais terrestres que o ocupam, sugerindo uma influência da heterogeneidade do ambiente na estruturação da comunidade. O objetivo deste trabalho é investigar como a estrutura de hábitats – Capões de Mata e Campos Rupestres – afetam a composição de comunidades de formigas; nossa hipótese é que as comunidades destes ambientes são dissimilares. Coletamos formigas na Serra do Cipó-MG com armadilhas de queda (pitfall), em quatro parcelas separadas por 1 Km de distância, e com nove pitfalls distribuídos em três transectos, separados por 25 m. Fizemos uma PERMANOVA para quantificar as dissimilaridades na composição de formigas entre os tratamentos, e um escalonamento multidimensional não métrico (NMDS), para a visualização destes dados. Encontramos 35 espécies no total, 26 em Campo Rupestre e 24 no Capão. As comunidades de Capão e Campo Rupestre foram dissimilares (p=0,024). Sugerimos que as condições ambientais dos Capões de Mata e Campos Rupestres, por apresentem uma estrutura de vegetação distinta, alteraram a composição das comunidades de formigas na Serra do Cipó, em virtude dos filtros ambientais atuando no meio. As comunidades apresentaram uma riqueza similar, porém com algumas trocas de espécies (0.80488, p=0.05*), podendo ser relacionada à presença de formigas epigéicas-arborícolas nos Capões, e apenas epigéicas nos Campos Rupestres. Uma possível implicação da dissimilaridade na comunidade de formigas entre estes ambientes é a ocorrência de alta uma riqueza funcional, ou seja, os organismos que se estabelecem nesses dois ambientes podem apresentar serviços ecossistêmicos distintos em suas respectivas localidades. |