Resumo |
Introdução. As investigações sobre a origem da vida têm se desenvolvido especialmente na esfera da Astrobiologia, campo do conhecimento que tem por escopo o estudo científico da origem, da evolução, da distribuição e do futuro da vida no Planeta Terra ou fora dele. Dentre as temáticas em destaque nessa esfera pode-se mencionar o estudo dos extremófilos, organismos capazes de sobreviver em condições naturais profundamente inóspitas. Nesse sentido, o conhecimento sobre os mecanismos adaptativos desses seres vivos pode ajudar na elucidação do desenvolvimento das primeiras formas de vida. Objetivo. Descrever as principais características dos extremófilos com aplicabilidade para os estudos sobre as origens da vida. Métodos. Procedeu-se revisão da literatura com estratégia de busca definida (até 30/06/2022), nas bases ScienceDirect (SD) [sciencedirect.com] e PubMED (PM) [pubmed.ncbi.nlm.nih.gov], a partir dos descritores disponíveis no DeCS [decs.bvs.br] (tradicionalmente vinculado ao campo da saúde, mas utilizado para uma primeira delimitação da pesquisa): (1) “Origin of Life”; (2) “Planet Earth”; (3) “Extremophiles”; e (4) “Extreme Environments”. Os descritores foram combinados em duas estratégias de busca: I - (1) + (2) + (3) (SD: 34 citações, PM: 3 citações); II - (1) + (2) + (4) (SD: 43 citações, PM: 5 citações). Resultados. Foram obtidas 85 citações; após leitura preliminar dos títulos e resumos, selecionaram-se quatro artigos – com vistas à abordagem do objetivo supramencionado – para subsidiar a presente comunicação [Trends Microbiol 2022, S0966-842X(22)00092-0; Adv Biol Sci Res 2019, p. 197-214; Omics Technologies and Bio-Engineering Towards Improving Quality of Life 2018, p. 131-144; Methods Microbiol 2006, 35:1-25]. Os textos permitiram delimitar o conceito de extremófilos – organismos que sobrevivem em ambientes de hostilidade extrema para a maioria dos seres vivos – e mapear preliminarmente questões atuais sobre papel desses seres nas investigações acerca da origem da vida. Destacaram-se os seguintes organismos: termófilos (altas temperaturas) e psicrófilos (baixas temperaturas); acidófilos e alcalifílicos (extremos de pH); halófilos (alta concentração de sais); barófilos/piezófilos (alta pressão); e radiorresistentes (resistência à radiação). Muitos extremófilos estão associados às fontes termais, gêiseres, vulcões, águas profundas e coleções hídricas sob o gelo, as quais são compatíveis com o ambiente originário da Terra e possivelmente de exoplanetas. Ressalta-se, igualmente, a relevância dos temas pertinentes à evolução da vida em ambientes atualmente considerados extremos, tais como química prebiótica, modelo autotrófico/heterotrófico e rede metabólica. Conclusão. Os conhecimentos sobre os extremófilos têm sido considerados essenciais para o desenvolvimento das pesquisas sobre o surgimento da vida na Terra e os prováveis organismos que habitam outros planetas, duas temáticas centrais para os desenvolvimentos atuais da Astrobiologia. |