Resumo |
Introdução: A esclerose tuberosa é uma doença genética rara, degenerativa e causadora de tumores benignos. É autossômica dominante e ocorre por mutação dos genes TSC1, o qual codifica a proteína hamartina e TSC2, que codifica a tuberina, sendo tais genes, respectivamente, dos cromossomos 9 e 16. As manifestações clínicas variam de acordo com o grau de comprometimento dos órgãos acometidos, sendo os principais alvos a pele e o sistema nervoso central (SNC), mas podendo acometer olhos, pulmão, rins, coração, fígado, entre outros. Objetivos: Apresentar como manifestações cutâneas podem levar ao diagnóstico de doenças sistêmicas importantes. Metodologia: Paciente do sexo feminino, 46 anos, comparece à consulta encaminhada do ambulatório de pequenas cirurgias para avaliação de lesões faciais. Relata o aparecimento de lesões na face, periungueais e tronco desde a infância. Possui glaucoma, anemia a esclarecer e é ex etilista. Nega crises convulsivas. Ao exame físico, possui duas placas normocrômicas com cerca de 5 cm na região lombar, pápulas hipercrômicas no centro da face - zona T -, em grande quantidade, tumores periungueaise e ausência de manchas em folha. Realizado diagnóstico de Esclerose Tuberosa por possuir três critérios diagnósticos: placas de Shagreen, angiofibromas e fibromas periungueais. A paciente foi orientada sobre a evolução da doença e realizado eletrocauterização de lesões na face para melhora estética visto causar prejuízo da autoestima na mesma. Resultados: Não se pode ignorar o acompanhamento longitudinal de tal paciente, pois a esclerose tuberosa ainda pode se manifestar com crescimentos tumorais benignos em diferentes órgãos. Para seu diagnóstico, que é clínico, o indivíduo deve manifestar dois critérios maiores ou um maior e dois menores, sendo que, no caso relatado, a paciente possui três dos critérios maiores - as placas de Shagreen, os angiofibromas e os fibromas periungueais. Não existe cura para a doença e geralmente o tratamento é sintomático. Conclusões: Apesar de a esclerose tuberosa ser uma doença majoritariamente de acometimento sistêmico, o caso acima mostra um quadro, que, até o momento, apresenta apenas comprometimento cutâneo, as quais estão presentes em 90% dos doentes. O diagnóstico de esclerose tuberosa mostra ser necessário um acompanhamento regular para detecção do acometimento de outros órgãos-alvo no intuito de evitar possíveis complicações para a paciente. Este relato mostra a importância de uma análise crítica diante de manifestações dermatológicas, uma vez que as mesmas, em algumas situações, permitem o diagnóstico de doenças sistêmicas. |