Resumo |
Os municípios de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, são marcados por forte presença da mineração. A atividade desse setor resultou em tragédia social e ambiental que ocorreu em 2015, em Mariana, e que afetou quem está envolvido direta ou indiretamente com a região. Nessa ocasião, uma barragem de rejeitos de Fundão, da empresa Samarco, se rompeu causando impactos incalculáveis. A vulnerabilidade socioeconômica se exacerbou devido a pandemia de COVID-19. Agricultores e agricultoras que colaboram com a sociobiodiversidade e com a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) muitas vezes têm o seu direito social à alimentação violado, por motivos de desigualdade social e econômica. Assim, destaca-se a importância do fomento de ações mitigadoras. Este projeto objetiva contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, a partir de ações com agricultores/as familiares do território impactado pela mineração, nas comunidades de Cafundão e Santa Rita. Objetivou-se, de forma específica, identificar as características das áreas e fomentar práticas de fortalecimento da Agroecologia e da segurança e soberania alimentar. Para o diagnóstico da população foi utilizada a metodologia de entrevista semiestruturada. Em campo, realizou-se reuniões com membros das comunidades, para a sensibilização e para conversar sobre suas demandas. Também, na Feira Livre de Mariana dialogou-se com agricultores/as que comercializam aos sábados. A partir disso, estão sendo confeccionadas cartilhas com as temáticas de saúde e SAN que perpassam a comunidade. Nos encontros com a população, foi discutido o uso da metodologia camponês/a a camponês/a, que teve recepção satisfatória pelos agricultores/as e escultores de pedra sabão. Materiais sobre Mutirões Agroecológicos estão sendo organizados, para serem compartilhados com a comunidade e serão agendados Mutirões nas propriedades rurais, inicialmente de líderes comunitários. Essa ação permite reconhecer a importância de todos os saberes, fortalecer os vínculos entre a comunidade e incrementar a produção nas áreas. O trabalho resulta na reaproximação das Universidades Federais de Minas Gerais, Ouro Preto e Viçosa com as comunidades, o que estimula uma extensão universitária condizente com a realidade, à serviço da população e comprometida com a democratização de informações. Os espaços de conversa presenciais resultam no auxílio da promoção de práticas de soberania alimentar e SAN. Constata-se que os efeitos da COVID-19 impactaram ainda mais a população atingida pela mineração, na saúde e nas possibilidades de comercialização. Diante disso, nota-se a importância do incentivo à conservação da água e do solo vivo, a partir de indivíduos multiplicadores de conhecimento da própria comunidade, para a gradual melhoria da qualidade de vida das famílias rurais afetadas sequencialmente pela mineração e pela pandemia. |