Resumo |
Desde o início do processo de ocupação do território brasileiro a agricultura familiar – por muito tempo chamada de agricultura de subsistência – faz parte da rotina das atividades produtivas do país, sendo de suma importância para a economia, haja vista que ela abastece a mesa das famílias, gera renda, colabora para o desenvolvimento regional e na preservação do meio ambiente. O presente estudo teve como objetivo geral analisar as características socioeconômicas dos agricultores familiares da comunidade dos Pereira, município de Águas Formosas/MG, buscando produzir dados científicos acerca deste assunto. A comunidade está localizada à cerca de 20 km do município. A cidade se localiza no nordeste de Minas Gerais na mesorregião do Vale do Mucuri. Para tanto, realizou-se uma pesquisa aplicada, exploratória, descritiva e qualitativa onde os instrumentos técnicos utilizados para a coleta de dados foram entrevistas semi-estruturadas. A aplicação do questionário na comunidade foi realizada no período de novembro a dezembro de 2021 e foram identificados um total de 14 produtores familiares na comunidade. O diagnóstico foi elaborado de forma a abranger as várias questões referentes à realidade de vida dos entrevistados. A escolha do lócus da pesquisa se deu pela acessibilidade. Já a aplicação do questionário semiestruturado se deu pelo fato de tornar a entrevista mais interativa, de forma que permitisse ao agricultor opinar, discutir e contar sua vivência em relação aos tópicos relacionados à pesquisa. Dos entrevistados, 54% detêm áreas menores que 10 hectares, em sua maioria possuem a escritura da terra, praticam uma agricultura em pequena escala bastante diversificada. Os produtos produzidos são comercializados nos seguintes estabelecimentos: laticínio, açougues, supermercados, feiras populares, bares, na própria comunidade e em escolas. 86% não recebem assistência técnica, 28% vivem apenas do que produzem, possuem renda entre R$ 1.600,00 a R$ 3.450,00, 57,1% possuem financiamento com recursos provenientes do PRONAF e 54% dos entrevistados não finalizaram o ensino fundamental. De maneira geral, foi possível perceber que os produtores apresentam baixo nível de escolaridade, não conseguem se sustentar apenas da atividade praticada no campo, carecem de assistência técnica, de tecnologia e de acesso a políticas públicas. Sugere-se que no plano prático, os desafios apresentados devem ser enfrentados no processo de implementação de políticas públicas que envolvam ações integradas, tais como: acesso à assistência técnica; regularização fundiária; implementação de programas de desenvolvimento de negócios; incentivos para a melhoria da produção com práticas voltadas para inserção de tecnologia alinhada a preservação do meio ambiente; e acesso a serviços essenciais de garantia da cidadania como educação e saúde, além de programas de proteção social e transferência de renda por parte do Estado brasileiro. |