Resumo |
A recuperação e uso dos gases condensáveis procedentes da carbonização da madeira contribui para redução do impacto ambiental e pode agregar valor econômico a atividade, uma vez que o extrato pirolenhoso tem potencial de aplicação em diferentes segmentos industriais. As propriedades do extrato pirolenhoso podem ser alteradas em função da temperatura a qual os gases da carbonização são submetidos antes da condensação. Desta forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar a produção de extrato pirolenhoso em um sistema fornos-fornalha híbrido considerando diferentes faixas de temperatura dos gases da carbonização da madeira de eucalipto. A recuperação de extrato pirolenhoso foi realizada em um sistema de condensação de gases (recuperador) composto pela junção de tubulação metálica e tubulações em PVC, tendo comprimento total de 7,2 m e diâmetro interno de 15 cm e posteriormente adaptado a um forno do sistema fornos-fornalha. O recuperador foi inserido na lateral da chaminé do forno, à 23 cm de altura e fazendo um ângulo de 30°, em relação ao solo. Foram instalados quatro termopares tipo K ao longo do recuperador para monitoramento da temperatura dos gases. O extrato foi coletado em três faixas de temperatura (65 a 85°C, 85 a 150°C e 150 a 170°C) durante a condução da carbonização, utilizando, como referência, a temperatura dos gases ao sair do forno obtida pelo primeiro termopar tipo K, inserido na tubulação metálica. O extrato pirolenhoso foi coletado em galões plásticos e foram armazenados por um período de 6 meses, ao abrigo da luz. Foi determinado o rendimento em extrato pirolenhoso e, posteriormente, foram coletadas amostras para obter o teor de água e índice de acidez do extrato. O rendimento gravimétrico total em extrato pirolenhoso foi de 38,7%, valor semelhante ao encontrado na literatura para coleta de extrato em carbonização da madeira de eucalipto em forno tipo mufla e superior aos valores encontrados para recuperação de extrato em outros tipos de recuperadores. Os rendimentos nas faixas de 60-85°C, 85-150°C e 150-170°C foram, respectivamente, 22,7; 14,3 e 2,1%. O extrato pirolenhoso coletado na faixa de 60-85°C apresentou maior teor de água em sua composição. O índice de acidez do extrato pirolenhoso reduziu à medida que aumentou-se a temperatura de coleta dos gases. Isso se deve a maior quantidade de ácidos presentes decorrente da degradação térmica das hemiceluloses, as quais degradam em temperaturas inferiores aos demais constituintes da madeira. Conclui-se que o extrato pirolenhoso coletado em 65-85°C obteve maior rendimento gravimétrico, índice de acidez e teor de água em sua composição. No entanto, conclui-se que a faixa de 85-150°C é a melhor para coleta de extrato pirolenhoso, pois a tem menor teor de água em sua composição em relação à faixa de 150-170°C e possui maior percentual de ácidos e álcoois, e menor teor de fenólicos, sendo esses parâmetros desejáveis no extrato pirolenhoso para uso na agricultura e jardinagem. |