Outros membros |
Arthur Augusto Pinto Coelho, Danilsy Cornélio Pereira, Isaac Andres Mora Obando, João Victor Chaves Silva, JOSE RICARDO BARBOZA SILVA, MARCEL FERREIRA BASTOS AVANZA, Thaís de Araújo, Victória Kanadani Campos Poltronieri |
Resumo |
A hidropisia se configura como o aumento exagerado dos líquidos presentes nas membranas fetais, excedendo a quantidade fisiológica de até 20 l. Tal aumento pode afetar o saco amniótico (hidroâminio), alantoide (hidroalantóide) ou ambos. A maioria dos casos envolvem o acúmulo de líquidos fetais da membrana amniótica e somente aparecem nos últimos 3 meses de gestação. O objetivo deste trabalho consiste em relatar um caso de Hidropisia dos envoltórios fetais em fêmea bovina. Foi atendida no setor de Clínica e Cirurgia de grandes animais do hospital veterinário do Departamento de Veterinária (DVT-UFV), uma fêmea bovina da raça Jersey, 24 meses. O animal foi admitido no hospital com queixa de trabalho de parto há 3 horas, sem progressão e abaulamento abdominal exacerbado. Ao exame de palpação transretal verificou-se dilatação acentuada do útero. Ao exame ultrassonográfico, redução da quantidade de placentomas e aumento do líquido amniótico foram observados. Durante o exame de palpação transvaginal constatou-se dilatação cervical de 20 cm. Manobras obstétricas foram necessárias para a retirada do feto natimorto que ao exame de inspeção apresentava sinais de dismaturidade, após a ruptura da placenta, houve grande eliminação de amniótico, límpido, translúcido, ratificando a suspeita clínica de hidropisia dos envoltórios fetais. O animal permaneceu sob monitoramento devido à ocorrência de retenção de placenta. Sendo tratada com ceftiofur (2mg/kg, IM), por 5 dias, após esse período, o animal apresentou sinais clínicos adicionais, tal como apatia, anorexia, hipoquezia, distensão dos quadrantes abdominais ventrais, febre (40.0ºC) e na ultrassonografia transabdominal, foram observadas imagens sugestivas de obstrução intestinal. Sendo então realizada laparotomia exploratória a direita, onde observou-se múltiplos depósitos de fibrina, adjacente ao útero e reto e na bursa supraomental. Após 3 dias de tratamento para peritonite, com ceftiofur (5mg/kg, IV, SID), gentamicina (6,6 mg/kg/IV, SID) flunixin meglumine (1,1 mg/kg, IV, SID) e hidratação parenteral, com piora clínica, foi realizada eutanásia. Na necropsia foi observada que a origem da peritonite consistia em uma ruptura total de reto. Nos casos leves de hidropsia, a vaca chega ao fim da gestação com estado geral ruim e em virtude da distensão uterina exagerada, é comum a ocorrência de inércia uterina, como observado no caso. Normalmente o parto deve ser induzido e acompanhado. Os casos de hidroalantoide são sempre acompanhados de retenção de placenta e retardo na involução uterina com consequente metrite. Conclui-se que a hidropsia dos envoltórios fetais, deve ser considerada no diagnóstico diferencial dos transtornos obstétricos e que a peritonite séptica continua sendo uma condição clínica muito grave com prognóstico desfavorável. |