Resumo |
No ambiente, estamos expostos simultaneamente à vários tóxicos, entre eles o arsênio (As), um metaloide, e o níquel (Ni), um elemento de transição, que causam bioacumulação nos órgãos e intoxicação. A exposição crônica a eles pode ser responsável por efeitos adversos à saúde humana, incluindo alterações hepáticas. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da exposição simultânea ao As e Ni sobre parâmetros histológicos e enzimáticos do fígado. Para isso, ratos Wistar adultos com 70 dias de idade foram divididos em quatro grupos experimentais (n=5/grupo). Ratos do grupo controle beberam apenas água potável. Já animais do grupo controle As receberam 1mg/L do metaloide, na forma de arsenito de sódio, enquanto animais do grupo controle Ni receberam 7mg/L do elemento, na forma de cloreto de níquel. Os demais ratos foram expostos simultaneamente ao As 1mg/L e Ni 7mg/L. Todas as soluções foram fornecidas na água de beber ad libitum por 70 dias. Os ratos foram eutanasiados no dia seguinte para retirada do fígado e coleta de sangue (CEUA - 45/2021). O sangue foi centrifugado para obtenção do soro, usado para análise das enzimas AST, ALT e fosfatase alcalina utilizando testes bioquímicos da Bioclin. Fragmentos de fígado foram fixados em formalina 10% por 24 h e processados histologicamente para inclusão em parafina. Cortes histológicos com 3μm de espessura foram corados com H.E. para análises histológicas e estereológicas. Uma gratícula com 266 pontos foi projetada sobre 10 imagem histológicas digitais por animal, utilizando o programa ImageJ, sendo registrados pontos sobre parâmetros que incluíram citoplasma e núcleo de hepatócitos. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e comparados pelo teste de Tukey, utilizando o programa GraphPad Prism 7.0, considerando a significância de P < 0,05. Os resultados foram expressos como média e desvio-padrão. A exposição ao Ni não alterou a proporção de hepatócitos em animais que tiveram acesso à água contaminada (66,55 ± 1,07%) . Já os animais expostos ao As e aos dois metais simultaneamente tiveram proporções de hepatócitos diminuídas (65,30 ± 1,50; 57,62 ± 1,7%, respectivamente) em relação aos animais controles (72,38 ± 0,31%; P < 0,05). Nos grupos As, Ni e coexposição, as concentrações séricas de AST (86,0 ± 10,23; 69,75 ± 12,61; 72,40 ± 6,52), ALT (49,6 ± 2,94; 51,80 ± 3,34; 45,0 ± 2,0) e fosfatase alcalina (134,0 ± 30,64; 170,5 ± 22,91; 140,2 ± 14,10) não se alteraram em relação ao controle (70,0 ± 2,67; 49,0 ± 3,73; 174,0 ± 23,27; P > 0,05). Apesar da diminuição proporcional dos hepatócitos indicar alterações estruturais no tecido, não houve alteração nas enzimas que indicariam lesão hepática. Portanto, pode-se concluir que a exposição ao As e Ni em ratos adultos alterou somente a proporção de componentes hepáticos. |