Resumo |
O estudo de escritoras/es negras/os e suas epistemologias desde a Educação Infantil compactuam com a educação antirracista e decolonial, uma proposta que atravessa a possibilidade da pesquisa sociopoética com crianças no meio educacional. A sociopoética consiste em um método científico e filosófico de pesquisa idealizado por Jacques Gauthier que fundamenta a decolonialidade no ato de pesquisar em contraposição à hegemonia metodológica e científica. Este método utiliza técnicas artísticas para a produção de dados, esta ocorre de modo coletivo tendo os sujeitos de pesquisa como co-pesquisadores e a/o pesquisador/a no papel de facilitador, que juntos/as formam o grupo pesquisador. Os diálogos tecidos coletivamente ao longo da pesquisa produzem confetos (conceitos e afetos), intuicetos (intuição e conceitos) e personagens conceituais (heterônimo do grupo pesquisador). O contato com a história de Carolina Maria de Jesus, mulher negra e escritora brasileira, esteve no foco de discussão de uma turma do 2º período da Educação Infantil de uma escola pública de Minas Gerais. Para isso, as/os estudantes foram conduzidos a partir do método sociopoético ao longo de duas aulas subdivididas em oficinas: uma de produção de dados e uma de contra-análise. As questões que direcionaram a pesquisa com as crianças foram: 1) Quais as primeiras impressões das crianças ao olhar a imagem de Carolina Maria de Jesus? 2) Como a história desta escritora afeta as crianças? Na oficina de produção de dados, por meio de uma técnica de inspiração artística que denominamos ‘O Sentir e o Sentido’, buscamos compreender os sentidos dados pelas crianças aos confetos produzidos a partir da ilustração de Carolina Maria de Jesus, após conhecer sua história de vida e obra. Na oficina de contra-análise, o grupo-pesquisador refletiu sobre as produções e suas interpretações, finalizando com a escrita de uma carta para a escritora estudada. Isto posto, a partir da sociopoética com crianças, compreendemos que a história de Carolina despertou sentidos pelas crianças, além de demonstrar que o método sociopoético amplia a participação desses sujeitos na pesquisa, de tal modo que permite que grupos silenciados, como o de crianças, expressem-se integralmente e produzam saberes. |