Resumo |
Mudanças climáticas têm modificado o regime de chuvas mundialmente e, desta forma gerando insegurança para a produção de alimentos. A escassez de água é um problema preocupante para a produção de culturas como o tomateiro, pois de 93 a 95% da composição do fruto é água. Programas de melhoramento genético voltados à obtenção de cultivares tolerantes ao déficit hídrico são iniciativas recentes, porém consideradas mais eficazes e de maior custo-benefício. Esses programas visam o desenvolvimento de genótipos produtivos mesmo quando cultivados sob menor aporte hídrico. Para tal, um número elevado de genótipos é avaliado anualmente até o final do ciclo produtivo onde os dados de produção são obtidos. A seleção indireta por meio de caracteres correlacionados com produção sob baixo regime hídrico é uma forma de reduzir esse tempo. O objetivo desse trabalho foi investigar a presença de correlação entre caracteres fisiológico-anatômicos e de produção em linhagens de introgressão derivadas de Solanum pennellii, exemplar silvestre de tomateiro reconhecido por sua resistência a seca. O experimento foi conduzido em esquema fatorial 2x5, sendo dois regimes hídricos denominados ESTRESSE (50%) e CONTROLE (100% da água disponível) e cinco genótipos, sendo as linhagens IL3-5 e IL10-1 tidas como resistentes e as linhagens IL7-1 e IL2-5 tidas como sensíveis a seca em experimento anterior, e o parental M82, no delineamento de blocos ao caso, com três repetições em triplicata. As plantas foram cultivadas em vasos de 15 litros. A irrigação foi feita por meio da pesagem diária dos vasos e reposição da quantidade de água perdida. O tratamento ESTRESSE teve início 30 dias após o transplante das mudas. As variáveis estudadas foram fotossíntese (A), condutância estomática (gs), concentração intercelular de CO2 (Ci), taxa transpiratória (E), potencial hídrico foliar na antemanhã (PHF_a), condutância cuticular (gmin) e espessura da folha (ESF) coletadas seis meses após o início do estresse, e o peso total de frutos por planta (PF), mensurado ao final ciclo produtivo. Os dados dos tratamentos ESTRESSE e CONTROLE foram analisados separadamente por meio de correlação de Pearson (teste t, a=0.05). O número de correlações significativas entre as variáveis estudadas foi maior no tratamento ESTRESSE que no tratamento CONTROLE. A ESF correlacionou positivamente com o PF por planta no tratamento CONTROLE (r=0.56, p<0.05). Folhas mais espessas acomodam mais aparato fotossintético por unidade de área foliar o que pode ter gerado uma maior produção no final do ciclo. No tratamento ESTRESSE, A e gs se mostraram altamente correlacionadas (r=0.95, p<0.0001). gs é uma medida indireta da abertura dos estômatos que são a porta de entrada do CO2 na folha. Uma forte correlação positiva foi encontrada entre PF e A (r=0.72, p<0.01), gs (r=0.78, p<0.0001), e PHF_a (r=0.65, p>0.01) no tratamento ESTRESSE sugerindo essas características como importantes critérios para seleção antecipada. |