Resumo |
Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR) são fundamentais para as vias metabólicas das bactérias celulolíticas no rúmen. Portanto, a inclusão desses aminoácidos na dieta pode resultar na modulação desses microrganismos, melhorando o aproveitamento da fibra e, consequentemente, o desempenho produtivo dos animais. Objetivou-se avaliar a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) e da fibra digestível em detergente neutro (DIVFDN) em dieta com alta relação volumoso: concentrado, suplementada com AACR. Para determinação da digestibilidade in vitro foi utilizado o inóculo ruminal de 3 bovinos alimentados com cana-de-açúcar e concentrado com 22% de proteína bruta, e relação volumoso: concentrado de 70:30 com base na matéria seca (MS). Os animais foram adaptados a dieta por 14 dias, e submetidos a jejum de 12 h antes das coletas do líquido ruminal. A dieta experimental foi formulada para um animal de 500 kg, com produção diária de 15 kg de leite, e continha cerca de 70% de volumoso (tifton 85) e 30% de concentrado (fubá de milho, farelo de soja, ureia e sulfato de amônia). Cada amostra continha 500 mg da dieta inoculada em frascos com 10 mL de líquido ruminal, 40 mL de tampão McDougall em frascos de vidro de 60 mL, em processo de fermentação anaeróbico à 39ºC, por 24 horas. O líquido ruminal foi coletado em diferentes pontos da interface líquido-sólido do rúmen, armazenado em recipientes térmicos para manutenção da temperatura (39ºC) e, posteriormente, homogeneizado por 30 segundos no liquidificador. Foram utilizados 5 tratamentos, o controle (sem adição de AACR na dieta) e quatro com diferentes concentrações do blend de AACR (0,3; 0,6; 0,9 e 1,2% na MS) em 500 mg na MS da dieta experimental. O blend foi formulado com medidas iguais (33,3%) de valina, leucina e isoleucina, e sua fonte possuía 95,6% de pureza e não havia proteção contra degradação ruminal. Os tratamentos foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições, acrescidas de seis amostras em branco (10 ml de inóculo ruminal + 40 ml de solução tampão de McDougal) para descontar possíveis contaminantes do fluido ruminal nos resultados de digestibilidade, totalizando 36 amostras experimentais. Os dados foram avaliados por análise de regressão a 5% de significância no erro do tipo I. Esperava-se que com a suplementação de AACR houvesse o estímulo do crescimento de bactérias fibrolíticas, de modo a maximizar a digestibilidade da MS e FDN da dieta. Entretanto, não houve diferença estatística para DIVMS e DIVFDN (P>0,05), sendo as médias da DIVMS do tratamento 0, 0,3, 0,9 e 1,2, de 686,51, 697,74, 680,32, 708,41 e 693,69 g/kg, respectivamente. E para DIVFDN, as médias de cada tratamento foram de 555,59, 553,83, 534,81, 567,77 e 553,59 g/kg, respectivamente. Conclui-se que a suplementação de AACR em níveis crescentes de até 1,2% da MS, não interfere na digestibilidade da MS e da FDN em dieta com relação volumoso: concentrado de 70:30 com base na MS. |