Resumo |
A osteomielite é uma afecção de extrema importância que apresenta dificuldades relacionadas ao seu tratamento, uma vez que as terapias antimicrobianas sistêmicas representam risco de toxicidade e baixa especificidade pelo local alvo. Além disso, o uso de carreadores não absorvíveis em antibioticoterapias locais exige cirurgia adicional para sua retirada e aumenta as chances de reação. Diante disto, o objetivo do trabalho foi avaliar, por meio de análise clínica, radiográfica e densitométrica, a reparação óssea do compósito hidroxiapatita (HAP) e nanopartículas de magnetita (Fe3O4) em associação com ciprofloxacina (Y) em coelhos com osteomielite induzida. Foram utilizados 20 coelhos adultos inoculados cirurgicamente (T0) com uma cepa de Staphylococcus aureus em região proximal de úmero, resultando em osteomielite. Os animais, após 15 dias de indução da doença (T1), foram submetidos a desbridamento da região operada, lavagem com solução fisiológica e posicionamento do compósito modelado na região do defeito ósseo. Utilizou-se compósitos de HAP e Fe3O4 na proporção 70:30 de laboratórios diferentes, com e sem o acréscimo de ciprofloxacina. Para tal, os animais foram divididos em 5 grupos: HAP+Fe3O4 (LABSMAC); HAP+Fe3O4+Y (JHS); Fe3O4+Y (LABSMAC); HAP+Fe3O4+Y (LABSMAC) e controle. No pós-operatório, foram realizadas avaliações clínicas classificando claudicação, deiscência, reação inflamatória, edema e sensibilidade dolorosa. Os animais foram radiografados nos dias 0, 7, 21 e 42 pós-cirúrgicos, para acompanhamento da evolução dos tratamentos, e avaliados quanto a reação periosteal, osteólise, esclerose, e densidade óssea, calculada em milímetros de alumínio (mmAL). Ao contrário do observado em T0, em média, 40% dos animais já apoiavam o membro operado no dia seguinte à cirurgia de implantação dos biomateriais. Nos demais, a claudicação variou, estando ausente ao final de 10 dias. Não foi observada diferença significativa entre a claudicação dos animais do grupo controle e tratados, indicando estar associada ao trauma cirúrgico, e não aos biomateriais. O edema e sensibilidade dolorosa do membro operado foi uma observação comum, até os 15 dias de pós-operatório. Embora a inflamação tenha sido difusa na região proximal do terço cranial do membro torácico operado, mostrou-se bem mais evidente na linha de incisão. A cicatrização da ferida ocorreu por primeira intenção, com deiscência em dois animais. Em avaliações radiográficas seriadas do pós-operatório, a ocorrência de regiões compatíveis com lise óssea foi comum à maioria dos animais tratados e do controle. Observou-se diferença significativa entre as radiografias pré e pós-operatórias (p-value = 0,0406) e comprovou-se o aumento da densidade do osso tratado (de 4,15 para 4,78 mmAl). Acredita-se que, baseado nos achados clínicos, radiográficos e densitométricos, os grupos tratados foram mais eficientes do que o controle, tornando o compósito uma alternativa promissora para o tratamento de osteomielite. |