Resumo |
A salmonelose é uma doença causada por bactérias do gênero Salmonella sp, sendo ela um dos patógenos transmitidos por alimentos mais comuns em todo o mundo. Em função do surgimento de cepas resistentes a antibióticos, novos métodos de combate são necessários. Desse modo, os bacteriófagos (fagos), vírus que infectam bactérias, estão sendo altamente utilizados no biocontrole microbiano, em um processo denominado fagoterapia. Este trabalho tem como intuito o isolamento e caracterização de fagos líticos contra diferentes cepas da bactéria patogênica Salmonella enterica. Para isso, foram utilizadas 7 cepas de Salmonella enterica subsp. enterica, sendo elas, os sorovares 1,4,[5],12;i;1,2, Enteritidis, Typhimurium, Infantis, Panamá, Cerro e Derby. Para o isolamento dos bacteriófagos, foram coletadas amostras em tanques de biodigestão de suinocultura e em cama de galinha da avicultura da UFV. Através do método de enriquecimento foram isolados 7 fagos, sendo 3 deles a partir da amostra de aves (SalAV) e 4 a partir da amostra de suínos (SalSU). O fago SalAV4 foi isolado do sorovar Panamá, SalAV9 foi isolado de Infantis e SalAV10 foi isolado de Typhimurium. Já SalSU11 foi isolado do sorovar Cerro, SalSU12 e SalSU14 foram isolados de Derby e SalSU13 foi isolado do sorovar 1,4,[5],12;i;1,2. A partir dos plaqueamentos em triplicada foi feita a quantificação dos títulos virais: SalAV4 = 2x108 UFP/ml, SalAV9 = 2,8x108 UFP/ml, SalAV10= 7,5x108 UFP/ml, SalSU11 =7,7x108 UFP/ml, SalSU12 = 1,3x108 UFP/ml, SalSU13= 5,0x108 UFP/ml e SalSU14= 4,5x106 UFP/ml. O espectro do hospedeiro revelou que os fagos SalAV9, SalSU11, SalSU12 e SalSU13 foram capazes de infectar, além dos seus hospedeiros de isolamento, todos os outros 6 sorovares testados. O SalAV4 foi capaz de infectar, além do seu hospedeiro de isolamento, os sorovares Enteritidis e Typhimurium, enquanto o fago SalAV10 foi capaz de infectar, além do seu hospedeiro original, apenas o sorovar 1,4,[5],12;i;1,2. O fago SalSU14 foi capaz de infectar quase todos os sorovares, com exceção de Infantis. Os resultados demonstram que os fagos isolados são promissores agentes para o biocontrole dessas bactérias pois, além de serem líticos às suas hospedeiras, eles são facilmente propagados e a maioria atinge títulos virais relativamente altos (acima de 10^8). Além disso, os fagos isolados são capazes de infectar mais de um sorovar, alguns infectando até mesmo todos. Isso indica a possibilidade destes fagos terem um amplo espectro de hospedeiro, característica interessante na fagoterapia. Futuramente, coquetéis fágicos formulados a partir da mistura destes fagos serão testados a fim de obter-se um produto eficiente no biocontrole desses patógenos. |